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Chegando a seu terceiro trabalho (contando o EP de estréia), os brasilienses parecem estar vivendo seu auge criativo.
Seu Black Metal com nítidas influências de nomes como Dissection, Emperor e Watain, é pesado, agressivo, ríspido e sem grandes concessões melódicas (exceto nos ótimos solos). Aparentemente, pode parecer que por não apresentar nada de novo musicalmente o Mork soe clichê, mas prezado leitor, nada é tão equivocado quanto esse pensamento. Sua música possui personalidade, já que consegue utilizar suas influências como referência para criar uma sonoridade própria e não para soar como simples copia de algo feito há 20 anos.
A parte lírica de Awake também é digna de aplausos, já que se baseia na filosofia existencialista para abordar o lado escuro, sombrio e doentio do ser humano, fugindo dessa forma do lugar comum de boa parte das letras (que em muitos momentos apelam para um satanismo infantil).
Quantas bandas de Black por ai vocês conhecem que manjam de Sartre na hora de escrever uma letra? Vocais rasgados e doentios, riffs gélidos e cortantes, parte rítmica com muito boa técnica e variada estão entre as credenciais que tornam este um trabalho primoroso.
Vale ressaltar também o dinamismo das músicas, algo que impede que o Mork caia na armadilha de compor músicas que pareçam entre si. Destaques para “Untamed”, “Sacrifice”, “Infirmita Carnis”, “Three Transformations”, “Lobos” e “Awake”.
A produção é 100% compatível com a proposta da banda, deixando a música bem agressiva e brutal, com os instrumentos claros, mas sem exageros e dentro do que se espera de uma banda de Black Metal com a qualidade do Mork. Criativo, desolador, intenso e carregado de personalidade, Awake é sem dúvida alguma um dos melhores trabalhos do estilo lançado no Brasil. Obrigatório!
Mork – Awake (2014)
(Sulphur Records/Eternal Hatred Records)
01. Untamed
02. Sacrifice
03. Infirmita Carnis
04. Svatan
05. Three Transformations
06. Human
07. Lobos
08. Apostaticos
09. Preached by Death
10. Awake
Mineiro, historiador, cinéfilo de carteirinha, viciado em livros, um democrata quase anárquico, adepto do poliamor (abaixo a monogamia), pai do Arthur e mergulhado até a raiz do ultimo fio de cabelo no mundo do Metal desde o hoje longínquo ano 1988.
