Há um tempo atrás, eu afirmava veementemente que o espaço das nossas casas de shows, bares e até mesmo festivais deveriam ser reservados ao som autoral apenas.
Mas se olharmos de outro ângulo, e precisamos ter esse tipo de visão, existem casos de bandas autorais não irem para frente e para poder sobreviver o cara teve que tocar cover na noite. Soma-se a isso, o fato das bandas originais virem ao Brasil com um espaço de tempo longo entre seus lançamentos, e mais ainda… o preço abusivo dos ingressos para vê-las.
Conclusão: O fã vai buscar soluções paliativas nas bandas covers, e se a ordem é se divertir, então pronto. Vai tocar aquela música e ele vai cantar a plenos pulmões sem se importar com a habilidade dos músicos. Obviamente bem diferente do cenário europeu, que todo ano, as principais bandas tocam sempre que lançam um disco.
Certa vez, no Wacken de 2011, minha empolgação em ver o Motörhead contrastava com a falta de vontade de um amigo alemão, e eu não acreditava que ele estava indiferente diante do show da banda, e quando tocou os primeiros acordes da Bomber, aquele avião – que só via nas fotos – surge por entre as luzes, e finalmente pude assisti-lo fazendo evoluções com todas aquelas luzes em cima da cabeça do Lemmy. Como não se empolgar com isso? Como?!
A resposta foi simples: “Já os vi no ano passado na minha cidade.”
Ou seja, bandas cover lá são raras e portanto se restringe apenas ao circuito de alguns bares.
Aqui no Brasil, é difícil achar uma solução para isso, mas já tivemos ideias bacanas como reservar um dia da semana para haver sons autorais, e até mesmo mesclar bandas cover com bandas autorais, mas a coisa não foi para frente.
Bom, independente de tudo isso, o mais importante é o apoio do público, e ele precisa ser direcionado para apreciar músicas autorais também. Ainda vivemos com a cultura do que vem de fora é melhor do que é produzido aqui dentro, ou se o “gringo” gosta então é bom.
Veja bem, recebo quase todos os dias, músicas e/ou CDs de bandas mostrando um trabalho de alto nível, caprichado, primoroso, autoral com horas gastas em composições, estudos, estúdios, prensagem mas veem seu sonho acabar com a situação em que vivemos.
Claro que não é certo impedir alguém de assistir um cover e fazê-lo curtir um som autoral forçadamente, mesmo porque gosto é gosto né? Portanto divirta-se com o cover, mas não deixe de apoiar as bandas autorais.