HELLFEST: Quanto gastei para ir ao festival?

Post feito por Clinger Carlos
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Não tenho dinheiro ou não tenho planejamento
Em todas as minhas jornadas pelo mundo do heavy metal ou pelos programas que sempre gravo falando de administração ou de negócios eu sempre frisei esta questão.
“Não existe crise nem falta de dinheiro, existe falta de planejamento”
Talvez a pessoa esteja desempregada, doente, encostada ou com problemas psicológicos ou psiquiátricos, então diante disto não podemos aplicar a reflexão acima. Talvez também seu objetivo no mundo do metal não seja ir para um festival na europa, existem pessoas que querem aproveitar seu dinheiro de outra maneira, indo a shows na sua região ou até mesmo investindo uma grana na sua própria banda, que pode te deixá-lo mais feliz do que ir num Hellfest da vida.
Mas no que tange um homem, que tem seu trabalho, que tenha saúde e total discernimento do que é certo ou errado e tem como seu sonho participar de um festival na europa, a frase acima se encaixa perfeitamente.
O certo é que as coisas não estão fáceis para nós brasileiros, pelo principal fato de vivermos num país num estado econômico critico, com uma moeda desvalorizada em relação aos países da europa. Pude notar isto no meu planejamento antecipado e na conversa que tive com minha amiga Fabíola Santos, que estava no Hellfest e que me disse: “Em 2012 quando vim ao Hellfest pela primeira vez troquei um euro por R$ 2,80 (dois reais e oitenta centavos), neste ano de 2019, já foram R$ 4,60 (quatro reais e sessenta centavos) por cada euro, mas mesmo assim planejando tudo com um ano de antecedência dá pra vir sim”.
Um fator interessante que notei nos brasileiros que estavam no Hellfest é o fator econômico de cada um, pois encontrei vários amigos de condição econômica simples, pessoas que trabalham no dia a dia para conquistarem seus sonhos, mesmos dentro das nossas dificuldades. Mas mesmo assim estavam lá, se divertindo, tomando sua cerveja, pessoas do norte, do sul, do sudeste, uns com suas esposas, outros sozinhos. O que me leva ao resultado de que não precisa ser milionário ou playboy para ir a um festival europeu. Nota-se que aquilo é prioridade para aqueles que lá estavam e ao conversar com muitos nota-se claramente que abriram mão de muita coisa no Brasil para estarem alí, vivendo aquele momento que é impagável para quem sonha estar lá.
Mas antes de falar dos valores e mostrar as planilhas que montei para quem está lendo esta resenha, resolvi destacar alguns pontos importantes do festival.

O Ápice do Festival:
Quando o Kiss estava no palco Hellfest desfilando seu repertório clássico, com as torres de delays do festival funcionando perfeitamente, com um clima em torno 18 graus, eu pisando numa grama seca, com o piso do local todo pavimentado, sem poeira, pessoas felizes, explosões no palco e fogos sendo cuspidos pelos diversos lados e aquele climão de um festival perfeito, eu pensei: Estes franceses demoraram 14 anos pra chegar na perfeição de um festival de heavy metal. É muito ou pouco tempo? Não sei, o certo é que a coisa funcionou redonda no Hellfest, nos quatro dias que estive no festival.

A interferência da comunidade local.
É muito importante um festival assim acontecer no entorno de uma cidade, por vários fatores, sendo eles econômicos, comerciais, mas a comodidade e segurança do público é muito determinante, pois lembro que meus irmãos que foram ao primeiro SWU, no interior de São Paulo, me disseram que o festival foi feito no meio do nada e não tinha estrutura suficiente para atender o público. Faltava comida, água, cerveja e outros itens que se você estiver longe de uma cidade, por menor que seja, a gestão vai ficar comprometida. E a cidade de Clisson e seus moradores sabem da importância do festival para a cidade. Conversando com uma moradora da cidade ela me disse: “No início o festival passou por vários problemas com a sociedade local e até mesmo com a igreja, que tentou barrar o festival a todo custo, mas quando viram o poder econômico que ele estava trazendo não resistiram e hoje nós temos nossa economia principal baseada no Hellfest”.

Sentimento de felicidade com o Heavy Metal
Este festival provou pra mim, mais uma vez, a “falta de compromisso” do público europeu, com tudo que se possa imaginar. As pessoas que vão para os festivais não estão nem aí pra nada, somente querem se divertir, beber cerveja, deitar pelo chão, talvez nem ver bandas e somente se libertar durante estes dias de festival. Diferente de nós latino americanos que ficamos loucos com as bandas do festival, querendo gravar tudo e muitas vezes reclamando de tudo que está ao nosso redor.
Não vemos ninguém se manifestando contra nada, contra ninguém, a liberdade lá é diferente da liberdade daqui, pois não consegui ver as minorias tentando mudar algo na vida das pessoas ou pregando suas ideologias para o público. O europeu quando vai pra um festival ele não quer saber de nada, nem do mundo lá fora e nem mesmo do celular, pois foram muitos poucos momentos que vi pessoas filmando shows com seus celulares ou fazendo selfies.

Lá você não precisa falar inglês
Muitas pessoas pensam que para viajar para os festivais é imprescindível falar inglês. No Hellfest você pode esquecer isto, pois os franceses não curtem falar inglês e preferem improvisar tudo e tentar agradar todos de uma maneira simpática. Então todo o inglês que você rala para aprender vai para os ares quando chega no Hellfest.

Um lugar muito bem ornamentado e aconchegante
O destaque do Hellfest é a ornamentação do local. Pense naquele baile de formatura perfeito, com todos aqueles detalhes das cortinas, dos carpetes, dos bares e do local adaptado para aquela festa única. Agora pense nisto tudo ornamentado perfeitamente para um show de metal. E se pensarmos num festival que tem “hell” no nome, não poderíamos imaginar nada mais além de fogo para caracterizar o local. E digo que os caras gastaram caminhões e caminhões de querosene naquelas tochas de fogo que são queimadas durante todas as noites no festival. Por mais que tentamos filmar estes detalhes do fogo, digo que só estando lá para sentir o clima. Impossível uma forma de passar aquele momento para quem não vai.
Mas a ornamentação não é só fogo, sendo impossível falar de todos os detalhes que são expostos, sendo várias projeções na água, nos tetos das tendas, no chão, nos cartazes antigos do festival, nas placas de ferro fincadas no chão, onde destacam ano a ano das edições que já aconteceram.
Como disse, não tem como trazer aqui nesta matéria nem mesmo numa matéria em vídeo o clima do festival, para você conhecer você precisar ir até lá e viver tudo aquilo de perto e tirar suas próprias conclusões.

Sobre as bandas
Tinha muita coisa boa para ver durante o festival e com meu roteiro em mãos, tentei ver o máximo possível, mas cito aqui algumas bandas que perdi, como foi o caso do Bloodbath, Gojira, Phill Anselmo, Tool, Tesla, dentre outros.
Eu posso destacar muitos shows fantásticos que vi, como foi o caso do Carcass. Cannibal Corpse, Deicide, Possessed, King Diamond e os nem tão extremos que tanto gosto como foi o caso do ZZ Top, Kiss e Lynyrd Skynyrd.
O fato é que eu não nasci pra ver o Manowar ao vivo, pois vi eles em BH num show horrível e depois esperei por anos para vê-los novamente e quando abro o celular na manhã de sexta feira, vejo o comunicado do festival falando do cancelamento do show, por um motivo muito esquisito e que até hoje não foi explicado claramente.
Como eu sou um cara de sorte, aconteceu na quinta feira, anterior a abertura do festival, o Knofest, que trouxe para a estrutura do Hellfest bandas que eu queria muito ver, como foi o caso do Rob Zombie, Sabaton, Amon Amarth e principalmente o Behemoth, que me agradou mais uma vez com uma grande apresentação.

Estrutura diferenciada
O Hellfest tem uma estrutura diferenciada em comparação com outros festivais que fui, tanto nos já citados confortos de piso apropriado, água grátis, muitos bares para vender cerveja, tamanho ideal da arena, tendas aconchegantes para ver os shows, etc. Tudo isto tem um plus com a temperatura ideal e um belo sol, coisa que o europeu tanto ama. O festival tem um clima perfeito de um verão francês com aquele sol aberto, mas não tão escaldante como temos por aqui, podendo ficar no sol lá e não sair tão queimado. O clima durante a noite esfria bastante, mas nada demais perto dos nossos invernos do sul do nossa pais.
O Hellfest foi o único festival que eu consegui tomar banho todos os dias, pois tinha muitos chuveiros e uma ótima estrutura, sem muita fila. Interessante ver os europeus tomando banho pelados naqueles chuveiros externos, tanto homens quanto mulheres nuas, se ensaboando tranquilamente sem se preocupar com nada e sem nenhum desrespeito por parte de ninguém. Coisas que aqui no Brasil, ganhariam destaque nas redes sociais.
Um destaque especial para a área de imprensa do festival, que tem uma área vip ao lado, com bares super ornamentados e um grande um chafariz com águas vermelhas simulando sangue. Ainda sobre a imprensa, o festival é muito solicito com os profissionais e gerenciam toda a estrutura para que todos possam trabalhar perfeitamente, tanto nas entrevistas quanto nas áreas do “pit” a frente do palco, destinada aos fotógrafos. Nós do Heavy Metal On Line estivemos todos os dias trabalhando na área de imprensa e além de trabalhar também nos divertimos muito na área VIP.

Vai pra lá, esquece tudo e seja feliz
Ao andar pelo festival e viver todos aqueles dias de heavy metal e diversão, algumas perguntas me passavam pela cabeça, já que deixei o Brasil num momento conturbado no heavy metal, pois sabemos que vivemos momentos complicados devido as divisões de opiniões políticas. Mas eu buscava uma resposta pra tudo aquilo ao meu redor e talvez a frase que mais me trazia uma resposta para entender aquilo tudo seria: “Os europeus são muito mais felizes com o heavy metal deles do que a gente”

Vamos aos valores.
Para montar uma planilha de valores que seja clara para todos que estão lendo esta matéria, resolvi mudar algumas coisas para chegarmos ao resultado de quanto eu gastei para ir somente ao Hellfest, pois nesta minha viagem, além do festival, fui em outros eventos pela europa e fiquei alguns dias fazendo um turismo por algumas cidades. Portanto busquei os valores que foram gastos para participar do Hellfest e também do Knofest, nos 4 dias de evento e ainda alguns valores que gastei na viagem até o festival.
Dentro dos valores que calculo, levo sempre em consideração quanto estou pagando por cada banda, pois gosto de entender o quanto eu estou economizando indo a festival europeus e deixando de viajar para ver estas bandas gringas aqui no Brasil, separadamente.
O que eu sempre busco, não só em minhas viagens, mas também na vida pessoal é viabilidade econômica e segurança. Meu grau de risco enfrentando estrada para ir em shows gringos no Brasil é muito grande e os valores muitos altos, paralelos ao pouco tempo para aproveitar tais eventos, que duram em torno de 4 horas, no máximo.
Abaixo está a minha planilha de gastos adaptada a realidade do Hellfest/Knotfest e ainda outra planilha para notarem o quanto custa cada banda que assisti, sendo um total de 39 shows em 4 dias.

Mas antes quero deixar alguns valores aqui abaixo para terem noção de alguns preços:

  • Cerveja 500 ml = 4,5 euros
  • Refeição Básica = 10 euros
  • Ingresso Hellfest = 200 euros (3 dias)
  • Ingresso Knotfest = 90 euros (1 dia)
  • Camisa Oficial = 20 euros

Caso queiram saber mais sobre festivais na europa acessem nosso canal no youtube que tem vários vídeos e lives falando da viabilidade de ir a festivais na europa (Link: https://www.youtube.com/user/heavymetalonline/featured?view_as=subscriber).

Em breve em nosso canal a cobertura em vídeo, dentro do nosso programa #92, onde teremos depoimentos dos brasileiros e mostraremos toda a  estrutura do festival de uma forma mais detalhada e clara. Aguardem !!!

Texto: Clinger Carlos Teixeira / Fotos: Ayron Borsari / Suporte: Wellington Carlos & Lucyna Moreira (Liverpool/ENG)

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