Batushka traz sua “missa macabra” para BH e impressiona com visual e produção de palco!

Os poloneses do Batushka são, sem dúvida, uma das grandes atrações do Black Metal mundial nos últimos anos. O grupo tem suas apresentações apelidadas de ‘missas macabras’, possui sonoridade sombria e fúnebre, produção visual de causar impacto e suas letras são inspiradas em cânticos das Igrejas Ortodoxas do Leste Europeu.

O grupo desembarcou em solo brasileiro para uma turnê nas cidades de Florianópolis, Curitiba, Limeira, São Paulo e Belo Horizonte, respectivamente nesta ordem. Para o show em Minas Gerais, que encerra a tour, a banda Paradise in Flames, poderoso nome local, foi a escolhida para abrir o evento, assim como também se apresentou em todas as demais cidades acompanhando os poloneses. A principio, a tour passaria também por Porto Alegre, mas devido a catástrofe climática que acometeu o Estado do Rio Grande do Sul, esse show foi cancelado.

Paradise in Flames mantem tradição de qualidade
quando o assunto é o Death/Black Metal!

Se existe uma banda adequada para participar de um evento de Black Metal, esta banda é o Paradise in Flames. Os músicos carregam a alcunha de um dos principais nomes da música extrema mineira, devido aos mais de vinte anos de estrada, discografia sólida e presença em grandes festivais.

Para o show em BH a banda manteve a tradição e se apresentou esbanjando qualidade quando o assunto é música extrema, além de aproveitar para divulgar seu recente disco, “Blindness” de 2024.

Parte do público ainda adentrava quando A. Damien (vocal) e seus companheiros dessem o pontapé inicial da noite. A faixa ‘Concerto no6, in C Minor, Cold Spring’, primeira do recente disco que foi executada, rapidamente ganhou atenção do público e logo mostrou o que o Paradise é capaz de apresentar: versões ao vivo com ótimas execuções e muita fidelidade aos discos de estúdio.  A sonoridade da banda é complexa, possui nuances do Death Metal, o ar sombrio do Black Metal e ainda passagens líricas desta vez com sua mais nova vocalista, Nienna, figura atuante no underground mineiro.

Boa parte do set foi dedicado ao recente disco,
“Blindness”, de 2024

‘Unseen God’, ‘Reasons to not Believe’ e ‘I Feel the Plague’, dentre outras, mostraram todo o poderio do Paradise in Flames, que mesmo não carregando o status de banda principal naquela ocasião, atuou como se fosse. O quinteto não poupou em energia e vitalidade, além de transbordar sua técnica, seja nos momentos mais melodiosos e lentos, aos riff’s e passagens mais velozes de seu som. Um show que era de abertura, mas se tornou digno de atração principal!

 

Batushka impressiona com arsenal cênico,
show sombrio e afronta aos valores religiosos!

A história do Batushka se iniciou em 2015 na cidade de Podlaskie, Polônia, e de lá para cá o grupo vem conseguindo destaque no cenário mundial, colecionando presença em festivais renomados como Graspop (2018) e Hellfest (2024), por exemplo.

A banda faz de suas apresentações um verdadeiro “culto macabro” com um palco rodeado de velas, crânios, decoração sombria e esfumaçada, além de diversos quadros de ícones religiosos virados de ponta cabeça.

‘Yekteniya I: Ochishcheniye’, ‘Wieczernia’ abriram o show e mostraram aos que não conheciam um black metal extremamente sombrio, fúnebre, arrastado e muitas das vezes, impactante. E o impacto não é apenas visual, já que a performance dos músicos é teatral (no bom sentido!) e diversas movimentações de palco chamam à atenção. Ao longo de faixas como ‘Polunosznica’, ‘Utrenia’ e ‘Irmos II’, por exemplo, eram erguidas velas acessas pelos seus integrantes. O clímax macabro era sustentado por muita fumaça e iluminação preponderantemente vermelha aos quatro cantos do palco.

Letras da banda são inspiradas em cânticos das
Igrejas Ortodoxas do Leste Europeu

As interações com a plateia eram apenas feitas por gestuais até que a reta final do show com ‘Yekteniya IV: Milost’ e ‘Pismo VI’ culminou em uma retirada de palco ensaiada, com direito a unção das primeiras fileiras próximas ao palco e o clima sombrio permanecendo mesmo após o fim do show.

É justo dizer que os poloneses não parecem possuir uma grande legião de fãs por aqui e está longe de ser um nome frequente nas rodas de conversas relacionadas à musica extrema no Brasil. Entretanto, o impacto e conceito de seus shows vendem por si só a experiência de apreciar não apenas a musicalidade extrema, que já é muito bem feita, mas também de presenciar uma completa experiência no sentido mais amplo do gênero.

Difícil imaginar uma outra oportunidade, ao menos parecida, nas próximas temporadas por aqui. Por enquanto, podemos dizer, que a missão do Batushka em terras brasileiras foi mais do que cumprida!

Set Batushka:

Yekteniya I: Ochishcheniye
Wieczernia
Powieczerje
Yekteniya III: Premudrost’
Pismo I
Polunosznica
Utrenia
Irmos II
Irmos III
Yekteniya IV: Milost’
Pismo VI

 

História da banda é marcada por imbróglio judicial 

O canal de Youtube BrutalMetalTV conta sobre parte da história do Batushka.
Assista abaixo e siga o canal:

Canal Brutal Metal TV no Youtube: https://www.youtube.com/@MetalBrutalTV

Fotos: Giovanna Toledo (@giovanatld)

Texto: Reynaldo Trombini (@reynaldo_trombini)

Fotos Paradise in Flames:

 

Fotos Batushka: