E eis que a linha de produção para bandas de qualidade de “Minas Hellrais, a Noruega brasileira”, continua a pleno vapor. Talvez seja o nosso pão de queijo que o Diabo amassou, ou então nosso “capirotesco” doce de leite, ou simplesmente o calor infernal que faz em algumas regiões do Estado, mas tem algo pelos lados de nossas montanhas que é responsável por gerar bandas e mais bandas de Rock/Metal de ótima qualidade, tanto no passado quanto no presente.
O Certo Porcos é um exemplo desse passado e presente citados, já que Rodrigo, seu vocalista e guitarrista, foi um dos membros fundadores do lendário Holocausto, além de ter feito parte de uma das bandas mais cults do Black Metal Nacional, o Impurity.
Sendo assim, se torna totalmente justo que o prezado leitor imagine que a sonoridade do Certo Porcos caminhe para o lado do Metal extremo, mas ao fazer isso acaba se equivocando. Não que o extremismo não esteja presente em [Ódio]666, mas a praia aqui é um Hardocre/Crossover que em alguns momentos resvala no Grind/Crust. Resumindo, é um “trem danado de pesado”.
É daquelas bandas feitas para agradar fãs de nomes como Rattus, Terveet Kädet, Black Flag, S.O.D. e Extreme Noise Terror. Não existe espaço para “mimimi” musical, sendo tudo o mais direto, reto e simples possível, com vocais que vão do urrado ao gritado, riffs simples e carregado de energia e uma parte rítmica bem segura e que cumpre muito bem o papel que lhe é designado.
As letras, como não poderiam deixar de ser, destilam o inconformismo e a indignação do trio pelos rumos tomados pela sociedade atual, estando tanto em inglês quanto em português (o que não afeta a fluidez do trabalho). São 16 pedradas sem dó nem piedade, com destaques para “Not a Drop of Blood”, “O Lavrador”, “Hate Never Ends”, “FO.D.A.”, “Secret Society”, “Failure”, “Usina de Bosta” e “Auschwitz”.
Todo processo de produção ficou a cargo de André Cabelo, sendo perfeito para o estilo da banda, deixando os instrumentos todos audíveis, mas sem abrir mão as sujeira e da agressividade necessárias. Já a arte foi toda feita por Fernando Faria (The Most Destructive Art) e se encaixou perfeitamente na temática da banda, me remetendo muito a alguns trabalhos do Napalm Death (e podem acreditar, isso é um puta elogio).
Saca aquele tapa no pé do ouvido que deixa tudo zunindo por uns 2 ou 3 dias? [Ódio]666 é mais ou menos isso. Uma porradaria impiedosa, indicada apenas aos ouvidos mais calejados. Não acredita? Dê uma sacada no álbum lá no Bandcamp dos caras. Como dizemos aqui por esses lados, “Nó, trem bão dimais da conta isso, sô!”.
Certo Porcos – [Ódio]666
(Cogumelo Records – Nacional)
01. Not a Drop of Blood
02. O Lavrador
03. Hate Never Ends
04. FO.D.A.
05. All Right Pigs!
06. Pedophiliac Priest/Nynfomaniac Nun
07. Secret Society
08. Marcha para Certo Porcos!
09. Failure
10. Albergue 35
11. F.F.F.F.F.
12. You Gotta Fucked Till Die
13. Usina De Bosta
14. Surfin in Gaza
15. Auschwitz
16. Goat Legs/Red Eyes