Primordium: “Mais bruto e apocalíptico que o anterior”

“Excepcional”… palavra que resume rapidamente os resultados apresentados nesse novo trabalho dos potiguares do Primordium, banda que desde 1999 vem aumentando seu espaço na cena nacional, fazendo um resgate da cultura e da misticidade egípcia com sua identidade própria e originalidade.

Desde o grande sucesso do debut “Todtenbuch” em 2014, a banda não mediu esforços para a produção do tão aguardado álbum “Old Gods”, lançado via Rising Records em parceria com a Metal Under Store em 2017. Neste novo trabalho, mais bruto e apocalíptico que o anterior, foi agregado às músicas, muitos elementos que as enriqueceram, como efeitos especiais e utilização de instrumentos não convencionais.

Dando assim, mais riqueza de detalhes as suas composições que soam brutalmente Old School e mergulham o ouvinte no universo místico egípcio. Ah, mas não poderíamos também deixar de falar da incrível e fascinante capa que nos faz perder um bom tempo admirando-a por sua excentricidade. Esta foi criada novamente pelo artista plástico Sandro Freitas, que fez uso da técnica manual de pontilhismo para sua elaboração, criando assim, uma obra de arte muito rica em detalhes e exuberância.

Cada vez mais, ele nos surpreende com sua criatividade, profissionalismo e técnica! O Play logo inicia-se após a intro “Pesedjet” com as faixas “Num (Pralaya)” e “The Awakening (Manvantara)” que é uma das melhores do álbum, com utilização de violino por Ariane Salgado (Boca de Sino e Terrorzone).  Em seguida temos “God of Light” com o apoio de Irlan Maciel (Arsenyo)  no violão e Luciano Hunter (Nighthunter)  nos  vocais, estas três faixas logo nos mostram ,de primeira mão, a essência dessa nova faze mais agressiva que Primordium está retratando, com uma sonoridade profana, destrutiva e misteriosa.

Depois temos “Nuit” que é detentora de um excelente lyric vídeo e que começa bem cadenciada e logo se deixa conduzir por blast-beats. Já “Geb’s Throne” e “Anhu Shu” trazem uma levada bem ritmada e melodiosa, sendo que esta última contou com a participação do guitarrista Thormianak (Miasthenia, Omfalos), contribuindo ainda mais para a pluralidade de elementos técnicos nesse play.

A faixa seguinte, “Iunet Mehet (The Pillar Of North)” é completamente instrumental e constituída por cítaras, percussões por Farid Almohamed, flautas por Necrovomit (Agnideva)  e uma técnica de canto que performa timbres ultra graves (throat singing), feita por Garibaldi Soares (Sons of A Witch).

Logo temos “Lady of Water” e “The Scrib” com um equilíbrio constante, composição elevada e bem orquestrada em termos de variações, perfazendo um nível de excelência. Diante disso, o disco termina prestando uma homenagem à ancestral banda natalense Hammeron, com a faixa “Chernobyl” com o Flávio França (Expose Your Hate, Son Of A Witch, Outset)  no solo de guitarra. Dessa forma, há uma releitura de um clássico do Metal Potiguar com a pegada do Primordium. O Hammeron foi uma das primeiras bandas de Thrash/Death Metal da cidade, uma das pioneiras do Metal Extremo ao lado do saudoso Insane Death.

Portanto, aqui temos um trabalho ímpar, feito com muita dedicação e sangue nos olhos por Gerson Lima, Thiago “Lux Tenebrae” Varella, Alex Duarte, João Felipe Santiago, e Lucas Somenzari. Que não mediram esforços para criar mais outro grande sucesso que contribuiu fincando mais ainda, as raízes do Primordium no solo do Metal nacional com seu Death Metal incomparável e particular.

Old Gods – Primordium
(Rising Records/Metal Under Store, 2017)
Tracklist:
01. Pesedjet
02. Num (Pralaya)
03. The Awakening (Manvantara)
04. God Of Light
05. Nuit
06. Geb’s Throne
07. Anhu-Shu
08. Iunet Mehet (Pillar Of North)
09. Lady Of Water
10. The Scribe
11. Chernobyl (Hammeron cover)
Line-up:
Gerson Lima – vocais
Thiago “Lux Tenebrae” Varella – guitarras
Alex Duarte – guitarras
João Felipe Santiago – contrabaixo
Lucas Somenzari – bateria
Convidados:
Garibaldi Soares – throat singing
Flávio França – guitarras em “Chernobyl”
Thormianak – guitarras em “Anhu-Shu”
Irlan Maciel – violão em “God Of Light”
Ariane Salgado – violino em “The Awakening” e vocais em “Nuit”
Necrovomit – Sítara em “Pesedjet” e flauta em “Iunet Mehet”