Belo Horizonte se tornou um dos berços do Metal brasileiro não foi por acaso. Nomes como Chakal, Sarcófago, Mutilator, dentre outros mostraram nas décadas de 80 e 90 o poderio da música pesada que nascia na capital mineira.
Dentro deste influente e seleto time merece destaque, claro, o Sepultura, que na figura dos irmãos Cavalera despontou de Minas Gerais para o planeta de forma meteórica! O som pesado e veloz feito pelos caras, o visual despojado e a atitude headbanger inovadora daquela época transformaram a dupla em um dos principais pilares da história do Metal mineiro que mais tarde viria se tornar referência para o Brasil.
Em 2018 os irmãos estão juntos novamente agora com a tour “Max & Iggor Cavalera 89/91 Era”, que trouxe o set para celebrar dois clássicos do Sepultura. Estamos falando dos poderosos “Beneath the Remais” (89) e “Arise” (91), dobradinha que colaborou (e muito!) para o sucesso da banda em torno do globo.
Max Cavalera afirmou ter saudade de tocar em Belo Horizonte, sua terra natal
A data reservada para Belo Horizonte já ganhou status de “show especial” logo de cara, afinal, os irmãos estavam de volta aonde tudo começou, em meados de 1984, quando deram os primeiros passos com o Sepultura. Sabendo disso, a galera mineira logo se mobilizou e fez questão de comparecer em peso a casa de shows Mister Rock.
Já com o público eufórico e muita história musical para relembrar subiram ao palco Max Cavalera (vocal e guitarra), Iggor Cavalera (bateria), Marc Rizzo (guitarra) e Mike Leon (baixo) para já emendar dois petardos que marcaram época: ‘Beneath the Remais’ e a furiosa ‘Inner Self’. Sem muito espaço para rodeios vieram ‘Stronger Than Hate’ e ‘Mass Hypnosis’ para enfatizar o clima nostálgico instaurado pelos quatro cantos da casa.
Max Cavalera é de um carisma singular, controlou a plateia de forma categórica e esbanjou simpatia com todos. O frontman ressaltou a “saudade de tocar em Belo Horizonte” e anunciou que o show em sua terra natal teria uma surpresa! O público, claro, retornou efusivo e não parou um minuto sequer. A maratona de clássicos seguiu e ganhou destaque com a veloz ‘Arise’, do disco de mesmo nome.
Show em Belo Horizonte foi marcado por surpresas e lista de clássicos
A técnica dos caras continua afiadíssima, tanto que a performance de Max Cavalera com as baquetas chega a impressionar, tamanha ferocidade e precisão. As canções já conhecidas de todos parecem ganhar cada vez mais velocidade e peso em cima do palco. Marc Rizzo, com suas seis cordas e o baixo preciso de Mike Leon completam um time de alto nível: precisos, técnicos e com ótima presença de palco.
‘Dead Embryonic Cells’, ‘Desperate Cry’, ‘Altered State’ e ‘Infected Voice’ foram algumas lembradas para a ocasião. Nesta última Max fez questão de pedir a galera para “abrir a roda e relembrar 1991”. Missão cumprida, pois um grande mosh foi criado para fincar na história um dos grandes momentos da apresentação que ainda reservaria muitas emoções aos bangers mineiros.
Fugindo da condição de executar canções de “Beneath” e “Arise” vieram dois covers do Motorhead. Antes disso, Max fez questão de ressaltar a importância de Lemmy e sua banda para a história do Metal, “Sem Lemmy não existiria Metallica, Sepultura, não existiria nada”, cravou. Daí para frente foi só curtição com ‘Orgamastron’ (faixa já gravada pelo Sepultura) e a imortal ‘Ace of Spades’, já com Max apenas nos vocais.
Público mineiro lotou a casa de shows Mister Rock, em Belo Horizonte
A banda deixa o palco e ao som de “Sepultura, Sepultura!” retorna para o primeiro bis da festa. ‘Polícia’, cover do Titãs ganhou uma versão descompromissada enquanto ‘Refuse/Resist’, do álbum “Chaos A.D”, teve vez em meio ao turbilhão de hits que passaram por ali.
Max fez questão de dedicar a faixa para sua família, que estava no local, e também para a “galera da praça de Santa Teresa”, local aonde cresceram e tudo começou.
Era chegada a hora da última canção reservada para a noite. E para esta ocasião veio o que muitos já poderiam imaginar: a participação especial de Jairo Guedz, um dos primeiros guitarristas do Sepultura, ao lado de Max. Assim que ele foi anunciado surgiu ‘Troops of Doom’, do álbum “Morbid Visions” de 1986, para encerrar um show memorável em todos os aspectos, do início ao fim!
Após aproximadamente duas horas surge a pergunta: Será que novas oportunidades virão? Quem esteve no Mister Rock naquela noite preferiu não esperar essa resposta e garantiu seu lugar em uma das ocasiões mais históricas e emblemáticas dos últimos anos para a cena da música pesada belorizontina.
Set:
Beneath the Remains
Inner Self
Stronger Than Hate
Mass Hypnosis
Slaves of Pain
Primitive Future
Arise
Dead Embryonic Cells
Desperate Cry
Altered State
Infected Voice
Orgasmatron
Ace of Spades
Polícia
Refuse/Resist
Troops of Doom (com Jairo Guedz)
Texto: Reynaldo Trombini – Fotos: Vinicius Caricatte