Texto: Clécio Santos
Fotos: Leandro Cherutti
Noite de quinta-feira em São Paulo. O calor diurno ainda perdura pela noite abafada. A chuva prometida pela meteorologia passou apenas de um sopro de esperança para um merecido refresco.
Mas para a legião que se concentrava próximo ao Carioca Club (região de Pinheiros, zona oeste da capital paulista), a convocação para a celebração dos 35 anos do Rotting Christ, banda grega de grande renome no cenário pesado, o preto das camisas estampadas com
pinturas tétricas, que assustam os transeuntes aversos ao Rock, bem acompanhado de um visual carregado, era o simbionte perfeito nessa noite auspiciosa.
Dentro da casa, com a ausência da famosa grade de contenção que divide o público do palco, mantendo uma distância de segurança (assim dizem os especialistas no assunto), o público foi se aglomerando para prestigiar uma apresentação que viria ao longo de sua
duração, ser vibrante e digna de uma celebração tão especial.
As 20h30m e 50 segundos, os ecos da introdução conduziram os fãs aos portões do Tártaro (o inferno mitológico grego). Pouco a pouco, os integrantes entravam sob uma saudação eufórica e merecida. O vocalista Sakis Tolis foi o último a entrar, emanando uma aura proeminente, digna da mitologia de seu país.
“Boa noite, São Paulo!”- respondendo em um bom português ao eufórico público. A primeira música, 666, veio como um soco no estômago. Cabelos compridos de homens e mulheres pareciam mais chicotes estalando com o chacoalhar de suas cabeças. Pronto, foi iniciada a celebração no Hades.
Agradecendo a oportunidade de estar de volta ao Brasil, para celebrar os 35 anos de estrada, outro petardo veio para causar ainda mais devoção de quem estava no calor do ambiente e da euforia. P’unchaw kanchun – Tuta Kanchun veio na sequência, causando mais furor. Depois, Demonon Vrosis, Kata Ton Daimona Eaytoy, continuaram no fervor tenaz da noite. Sakis Tolis sempre enaltece a cada música, o valor que o público brasileiro tem para a existência da banda. “ Somos irmãos e irmãs”, dizia. Pois bem, como eu relatei, o fervor dos fãs chegou ao êxtase e danação, quando Non Servian, a décima música da noite, foi entoada a plenos pulmões por um público mais do que conquistado e realizado.
Daí, para a apoteose do show, foram só aplausos e um coro infalível. Encerrado o espetáculo, não havia uma alma voltando do Tártaro, que não dizia ter estado satisfeito com a apresentação triunfante dos gregos. E que venham mais 35 anos de Rotting Christ!
Set List: 29 de fevereiro de 2024 – Carioca Club/SP