Em show da nova turnê, Megadeth apresenta formação inédita e reforça conexão com público brasileiro

Post feito por Clinger Carlos
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Texto: Guilherme Gões

Fotos: Ricardo Matsukawa – Mercury Concerts

O termo “Big Four” designa as quatro bandas mais influentes do thrash metal: Metallica, Slayer, Megadeth e Anthrax. Estes grupos são reconhecidos como os pilares desta ramificação do heavy metal, que se destaca por sua sonoridade muito mais rápida e agressiva. 

 

Este conceito surgiu ainda nos anos 1980, já que cada um dos conjuntos contribuiu de forma significativa para o gênero, através de álbuns clássicos, performances ao vivo energéticas e influência duradoura sobre outras bandas. 

 

Entre 2009 e 2010, aconteceu uma turnê conjunta em vários países europeus, incluindo Polônia, República Checa, Romênia, Turquia e Bulgária. O icônico DVD “The Big 4: Live from Sofia, Bulgaria” registrou uma dessas apresentações memoráveis e foi exibido em salas de cinema ao redor do mundo.

 

Desde então, os headbangers brasileiros anseiam pelo dia em que poderão testemunhar os quatro grupos juntos no país. Infelizmente, não há expectativas concretas de que esse evento algum dia se concretize. No entanto, neste mês de abril, os fãs terão a oportunidade de aproveitar pelo menos dois dos nomes do “Big Four”. Na próxima semana, o Anthrax irá se apresentar na segunda edição do festival Summer Breeze. Já o Megadeth realizou um show no Espaço Unimed, na última quinta-feira (18) apresentando o álbum “The Sick, the Dying… and the Dead!”, lançado em 2022, além de exibir sua nova formação. Atualmente, o lendário Dave Mustaine conta o apoio de Dirk Verbeuren na bateria, James LoMenzo no baixo e o guitarrista Teemu Mäntysaari, que assumiu o posto após a saída do brasileiro Kiko Loureiro em 2023.

 
 
  • Devoção intensa

Megadeth não é um nome inédito no Brasil, tendo se apresentado em nosso país impressionantes 16 vezes anteriormente. Mesmo assim, os fãs compareceram em peso para testemunhar o grupo ao vivo mais uma vez, destacando a influência duradoura da banda por aqui. Antes mesmo das 19h, em pleno dia útil, os headbangers já lotavam bares e mercados locais.

 

Sem atração de abertura, a plateia foi aquecida por uma discotecagem que durou pouco mais de duas horas. Então, com uma pontualidade impressionante, às 21h30, uma sonora com a abertura de “The Sick, the Dying… and the Dead!”, do álbum homônimo, começou a ecoar pelo espaço, anunciando o início da apresentação. A execução da faixa surpreendeu pela sua diversidade de frequências, transitando de momentos de thrash explosivo a passagens acústicas, todas habilmente interpretadas por Teemu. Curiosamente, foi a única música do novo álbum a fazer parte do setlist da noite.

Na sequência, para “quebrar o gelo”, veio “Skin o’ My Teeth”, um dos principais singles de “Countdown to Extinction”, levando a plateia a cantar a plenos pulmões. Aqui, vale destacar a presença de Dirk, que comandou viradas matadoras na bateria com uma animação contagiante. Finalizando o bloco, “Angry Again”, outro hit importante da carreira do conjunto, manteve a pista empolgada e cantando com fervor. Quando os integrantes deixaram o palco para uma breve pausa, os fãs continuaram ensandecidos, entoando em coro o nome da banda.

 

Logo após, Dave Mustaine e companhia levaram as centenas de pessoas que ocupavam o Espaço Unimed para uma viagem de volta aos anos 80 com “Wake Up Dead”, presente no álbum “Peace Sells… but Who’s Buying?” (1986), e “In My Darkest Hour”, um dos principais sucessos de “So Far, So Good… So What!” (1988). Nesse momento, Dave assumiu os holofotes, executando solos extensos sem errar uma única nota, correndo pelo palco e balançando a cabeça em um ritmo alucinante. Aos 62 anos, o músico ainda demonstra um vigor fantástico, que certamente não irá se esgotar tão cedo. Já em “Sweating Bullets”, ele brincou com a plateia, lançando alguns trechos da música para que o público cantasse junto. Sem dúvida, este foi um dos maiores momentos de interação de toda a noite.

 

“Dystopia” foi um dos maiores legados que Kiko Loureiro deixou no Megadeth, devido ao seu solo implacável, que abrange boa parte da canção. Teemu conseguiu executar essa tarefa difícil com perfeição, mostrando que sua escolha para assumir o lugar deixado pelo ex-integrante do Angra foi certeira. Igualmente, ele teve a oportunidade de brilhar ao tocar os riffs e solos de “Hangar 18” (uma faixa extremamente complexa, que conta com nada menos do que 6 solos completos) e “Tornado of Souls” em conjunto com Dave. Os músicos demonstram uma excelente conexão no palco, sendo extremamente agradável assisti-los entregando tudo nas guitarras.

 

Após uma série de faixas agressivas, “A tout le monde”, que apresenta algumas passagens em violão, proporcionou um momento de calmaria. No entanto, o thrash metal logo voltou com força total com “Devil’s Island”, canção que raramente foi tocada nas ocasiões anteriores em que a banda esteve no Brasil. Foi perceptível, no entanto, que Dave precisou se esforçar bastante para acompanhar a letra rápida da música. Para encerrar, vieram as clássicas “Symphony of Destruction”, “Peace Sells” (com direito à entrada do mascote Vic Rattlehead) e um bis com “Holy Wars… The Punishment Due”.

 

Em termos de repertório, o Megadeth não trouxe grandes surpresas, mantendo um setlist bastante similar a apresentações anteriores. No entanto, o ponto alto foi testemunhar a excelente sintonia da nova formação, que se mostrou uma das melhores que a banda já teve. A coesão entre os membros em palco foi evidente, transmitindo uma energia contagiante e garantindo uma experiência satisfatória para os fãs.

 

Setlist

The Sick, the Dying… and the Dead!

Skin o’ My Teeth

Angry Again

Wake Up Dead

In My Darkest Hour

Countdown to Extinction

Sweating Bullets

Dystopia

Hangar 18

Trust

Tornado of Souls

A tout le monde

Devil’s Island

Symphony of Destruction

Peace Sells

Bis:

Holy Wars… The Punishment Due

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