O Metal brasileiro possui algumas bandas lendárias, daquelas que mesmo estando fora de cena conseguem influenciar músicos, novas bandas e ainda por cima manter sua legião de fãs cada dia maior ou intacta. O Shaman é, sem dúvida, um destes ícones que o Metal nacional já apresentou ao mundo.
O que imaginar, então, do retorno da sua formação clássica e responsável pelos discos “Reason”, além do idolatrado “Ritual”, este último frequentemente citado como um dos trabalhos mais impactantes do território verde e amarelo?
É fato que a segunda formação da banda com Thiago Bianchi e companhia chegou a gravar bons trabalhos como “Immortal” e “Origins”, mas passaram longe da repercussão dos primórdios, fruto da enorme competência de Andre Matos e sua turma. Para sorte dos fãs, uma reunião foi anunciada após doze anos para oito apresentações no Brasil. BH estava na rota!
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Um público eufórico e numeroso logo mostrou a atmosfera positiva que rondaria a casa assim que ‘Turn Away’, faixa de “Reason” deu às caras já mostrando que a ordem de execução dos álbuns seria do mais recente para o mais antigo, contrariando o que muitos esperavam ou imaginavam.
E aí, para quem já possuía as canções na ponta da língua ficou fácil de interagir, entoar os refrões e participar ativamente do show. Dito e feito, pois sinergia entre fãs e músicos foi evidente ao longo das tradicionais ‘Reason’, ‘More’ e ‘Innocence’, sequenciando o track-list de “Reason”.
A parte inicial do show foi fundamental para identificar o quanto a banda está afiada em seu instrumental, mesmo após longo período de separação. Obviamente, devemos levar em conta que o vigor dos músicos em cima do palco não parece ser o mesmo de anos anteriores.
Ao som de “Olê, Olê, Shaman!” entre uma faixa a outra Andre Matos e companhia destilaram peso em ‘In the Night, com os riff’s de Hugo Mariutti soando em alto nível e o baixo potente de Luis Mariutti se mostrando pesado como sempre. Por sua vez, Andre Matos esbanjou talento nos versos da intensa ‘Born to be’, faixa que fechou a primeira parte da apresentação.
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Na pausa um telão ao fundo do palco exibiu vídeos de bastidores enquanto boa parte do público aproveitava para um leve “descanso” ou mesmo para uma nova cerveja. O paradeiro não durou muito já que a introdução ‘Ancient Winds’ surgiu para iniciar o que a maior parte do público demonstrou esperar: “Ritual”, o maior clássico da banda, sendo tocado de ponta a ponta após mais de uma década de seu lançamento e estrondoso sucesso!
‘Here I’am’, com seus riffs certeiros agitou os quatro cantos da casa, e ganhou acompanhamento vibrante de toda a plateia. A euforia era tanta que por vezes a voz de Andre Matos se ocultava em meio a explosão dos fãs. As poderosas ‘Distant Thunder’ e ‘For Tomorrow’ vieram com performance poderosa de Andre Matos, que durante todo o show mostrou ser um dos grandes vocalistas brasileiros mesmo com o passar dos anos e o avançar da idade.
A dobradinha ‘Time Will Come’ e ‘Over Your Head’ esquentou o público para um dos momentos mais esperados da noite: ‘Fairy Tale’, o maior hit da banda. A balada é idolatrada pelos fãs desde o lançamento de “Ritual”, há mais de uma década. As primeiras notas do piano encheram os fãs de orgulho, que transformaram o refrão em um verdadeiro mar de vozes. ‘Blind Spell’, ‘Ritual’ e ‘Pride’ ditaram o clima de final de festa, porém sem nenhum sinal de cansado de público e banda.
Não haviam dúvidas que a reunião do Shaman com sua formação clássica moveria instantaneamente sua fiel legião de fãs. Por parte da banda, se levarmos em conta o passado e currículo musical de seus membros, teríamos uma apresentação de alto nível. E assim foi, com fãs ávidos por este momento e banda mostrando do que ainda é capaz.
Seria um novo disco a nova cartada dos caras? Vamos esperar para ver!
Texto: Reynaldo Trombini
Fotos: Iana Domingos