Em meio a uma série de shows internacionais em território brasileiro nos últimos meses o anúncio de uma tour ganhou os holofotes e deixou os headbanguers, no mínimo, ansiosos. Estamos falando da “Celebrating Life Through Death”, sequência de shows que marcará a despedida de ninguém menos que o Sepultura, ícone do Metal mundial.
A parte brasileira da tour contará com oito apresentações e, em uma segunda etapa, passará pela América Latina e Estados Unidos com datas anunciadas em breve. Ao todo serão 18 meses para celebrar nada menos que quatro décadas de história, reconhecimento internacional e discos que viraram referência. Para dar o pontapé inicial neste histórico ato final nada melhor que retornar à sua terra natal, Belo Horizonte, capital aonde tudo começou em um longínquo 1984.
Eminence: “Não falta história e reconhecimento para estarem ali, lado a lado com o Sepultura”
Não resta dúvida que o cenário mineiro é referência no Brasil e, dentre um punhado de bandas, é certo que o Eminence fincou seu nome entre os grandes do mainstream brazuca e galgou a cada lançamento presença em eventos renomados e festivais internacionais. Coube a trupe comandada por Allan Wallace (guitarra) iniciar de forma oficial a “Celebrating Life Through Death”, como banda de abertura.
Não foi preciso nenhum grande esforço para ganhar a confiança do público que possivelmente já conhecia o Eminence. O vigor de Bruno Paraguay (vocal) trouxe peso e agressividade em faixas como ‘Burn It Again’, do mais recente álbum “Dark Echoes (2021)” e também nas conhecidas ‘Written in Dust’, ‘The God of All Mistakes’ e ‘Devil’s Boulevard’, trinca do agraciado “The God of All Mistakes”, de 2008.
Os banger’s não deixaram por menos, criaram frequentes rodas de mosh’s (sempre incentivadas por Bruno Paraguay!) e acompanharam atentos a dobradinha ‘N3mbers’ e ‘Wake Up the Blind’, do mais recente disco. Ao todo foram nove faixas que passearam pela história da banda, honrando seu nome e certificando o que ninguém tinha dúvida: dificilmente o Eminence decepciona!
Em conversa com o Heavy Metal Online, o guitarrista Alan Wallace afirma que “foi uma honra para o Eminence participar do início desta turnê de despedida do Sepultura. Somos muito gratos! Para 2024 nós temos algumas previsões para EUA, México e Europa e, no Brasil, o Summer Breeze que vai ser realizado em abril!”
Sepultura: “Voltando as raízes para celebrar o que o mundo vangloriou”
A abertura do show ficou a cargo de ‘Refuse/Resist’, ‘Territory’ e ‘Slave New World’, todas do clássico “Chaos A.D. (1993)”. Daí para frente o que se viu foi uma viagem pela história da banda, resgatando os mais tradicionais discos e dando vez a uma ou outra faixa esquecida, digamos assim.
Vale lembrar que um momento difícil tomou conta da banda dias antes ao início da tour: a saída repentina do baterista Eloy Casagrande. O músico de 31 anos integrou o line-up desde 2011 e gravou os discos “The Mediator Between Head and Hands Must Be the Heart (2013)”, “Machine Messiah”(2017), além do recente “Quadra” (2020).
Andreas e sua turma precisarem agir rápido e assim o fizeram recrutando às pressas o jovem de 21 anos, Greyson Nekrutman, do grupo americano de Hardcore/Crossover Suicidal Tendencies. Greyson iniciou a carreira tocando jazz, possui presença ativa no cenário musical e compartilha sua técnica e feeling em seu canal próprio no Youtube.
E não durou quase nada (se é que existia) a desconfiança sobre o novo homem das baquetas do Sepultura. Greyson Nekrutman foi preciso, exibiu performance técnica e centrada ao longo de faixas como ‘Dusted’ e ‘Atitude’ do disco “Roots” de 1996, por exemplo. Nas atuais ‘Means to and End’ e ‘Guardians of Earth’, do último álbum da banda a receita também prevaleceu e o jovem não comprometeu.
Andreas fez questão de agradecer a presença de todos! O guitarrista mostrou gratidão e exaltou a cena mineira, berço do Sepultura. O público, por sua vez, não deixou por menos e com punhos cerrados cantou a plenos pulmões a clássica ‘Scape to the Void’, do clássico “Schizophrenia”, de 1987.
Após quase 2 horas de show veio a reta final! Sem nenhum sinal de cansaço por parte da banda e do público era chegada a hora de exaltar três dos principais clássicos eternos da banda: ‘Troops of Doom’ foi mais uma do “Schizophrenia” (1987) e abriu as portas para a veloz ‘Arise’, clássica do disco de mesmo nome, lançado em 1991.
Ainda houve tempo do bis que veio com a jam ‘Ratamahata/Roots’ para dar fim ao show justamente como ele se iniciou: repleto de clássicos e com energia de sobra! Andreas Kisser (guitarra), Derick Green (vocal), Paulo Jr (baixo) e agora Greyson Nekrutman (bateria) trouxeram uma verdadeira viagem pela história da banda em todas as suas nuances, representada por nada menos que vinte e uma faixas que alegraram da mais antiga a mais nova geração de fãs.
Em meio ao comunicado do fim ainda restam boas notícias: a banda anunciou em seu site oficial que “a tour de 40 anos está sendo gravada e vai virar um disco ao vivo de 40 músicas registradas em 40 cidades diferentes num momento em que estamos com a mais elevada energia no palco”.
Set Eminence:
Burn It Again – Dark Echoes (2021)
Written in Dust – The God of All Mistakes (2008)
Dark Echoes – Dark Echoes (2021)
The God of All Mistakes – The God of All Mistakes (2008)
Devil’s Boulevard – The God of All Mistakes (2008)
N3mbers – Dark Echoes (2021)
Wake Up the Blind – Dark Echoes (2021)
Unfold – The Stalker (2013)
Day 7 – The God of All Mistakes (2008)
Set Sepultura:
Refuse / Resist – Chaos A.D. (1993)
Territory – Chaos A.D. (1993)
Slave New World – Chaos A.D. (1993)
Phantom Self – Machine Messiah (2017)
Dusted – Roots (1996)
Atitude – Roots (1996)
Kairos – Kairos (2011)
Means to and End – Quadra (2020)
Cut-Throat – Roots (1996)
Guardians of Earth – Quadra (2020)
Mind War – Roorback (2003)
False – Nation (2001)
Choke – Against (1998)
Scape to the Void – Schizophrenia (1987)
Kayowas – Chaos A.D. (1993)
Sepulnation – Nation (2001)
Biotech is Godzilla – Chaos A.D. (1993)
Agony of Defeat – Quadra (2020)
Troops of Doom – Schizophrenia (1987)
Arise – Arise (1991)
Ratamahata/Roots – Roots (1996)
Texto: Reynaldo Trombini
Fotos: Iana Domingos
Local do show: Arena Hall
Data: 01/03 com início às 19h30
Clinger comenta sobre show do Sepultura em BH: