Em segunda passagem pelo Brasil, Asphyx esbanja simpatia em BH e conquista público com show furioso!

O Asphyx, uma das grandes potências do Death/Doom mundial, desembarcou em Belo Horizonte em Novembro como parte de sua segunda passagem pelo país. A banda visitou o Brasil nove anos depois de sua estreia por aqui e chegou a terras brasileiras para duas apresentações: sendo a primeira em Belo Horizonte (08/11) no Mister Rock e a segunda em São Paulo (09/11) no Carioca Club.

Para a dobradinha de shows, foram convidadas as bandas Evilcult, natural do RS, e Troops of Doom, criada em MG, que tem como líder ninguém menos que Jairo Guedz, ex-Sepultura e com passagens por bandas renomadas do cenário nacional como The Mist, Eminence e Overdose, por exemplo.

Evilcult mantém acessa a chama da ‘velha escola’ com visual e sonoridade oitentista.

Se existe uma banda que reverencia como nunca o Metal oitentista, esta banda é o Evilcult! Tudo porque o trio liderado por Lucas “From Hell” traz em sua sonoridade aquele Speed/Thrash Metal tradicional da ocasião, além do visual muito utilizado naquela época.

Faixas como ‘Ancient Power’ e ‘Sons of Hellfire’, que abriram o show, mostraram um som “sujo”, veloz e com um punhado de riffs ao maior estilo Thrash e Speed Metal de vanguarda. A banda aproveitou para trazer no set faixas de seus dois full lenght’s, “At the Darkest Night” (2020) e “The Devil Is Always Looking for Souls” (2023) e colocar fim a um jejum de praticamente 1 ano fora dos palcos, devido à paternidade do vocalista/guitarrista Lucas “From Hell”, devidamente anunciada por ele.

‘Drunk by Goat’s Blood’, ‘Speed Metal Fire’, ‘The Witch’ (que possui videoclipe, clique aqui e assista) e ‘Nocturnal Attack’ foram executadas e comprovaram que, mesmo distante dos palcos, a banda não perdeu em entrosamento e parece afiada quando o assunto são apresentações ao vivo!

Nem mesmo um público ainda pequeno, que adentrava lentamente a casa, foi fator desmotivante para o Evilcult que se fez valer como nunca da oportunidade.

A banda entregou um show intenso, cheio de energia e fez a alegria dos mais saudosistas que por ali estavam, criando uma sensação de “volta ao tempo”, quando o Metal ainda dava seus primeiros passos por aqui.

Line-up de peso transforma Troops of Doom em sensação do Death/Thrash Metal nacional.

Em meio a um turbilhão de novas bandas que surgem no cenário nacional, algumas, por si só, já ganham certa notoriedade, caso do Troops of Doom. O grupo é liderado por Jairo Guedz, guitarrista conhecido por integrar a formação dos primórdios do Sepultura.

Nos vocais e baixo temos Alex Kafer, que coleciona passagens por nomes tradicionais da cena, como Colblood, Mysteriis e Necromancer. Marcelo Vasco (guitarra) por sua vez é um dos principais artistas gráficos do meio Metal, já tendo criado capas de gigantes como Slayer, Soulfly, Testament, Enslaved, dentre outros. O dono das baquetas, Alexandre Oliveira, é professor de bateria há mais de 10 anos e também integra o Eminence, tradicional nome da cena mineira.

O quarteto trafega pelo Death Metal Old School, com pitadas de Thrash Metal e alia peso, velocidade, além de boa presença de palco. Em BH, Jairo e sua turma fizeram um show energético do início ao fim, com bastante interação com a plateia e diversas rodas de mosh’s. ‘The Absence Of Light’, ‘The Devil’s Tail’ abriram o show até que viesse ‘Chapels of the Unholy’, primeira do recente disco apresentada naquela noite. O novo trabalho “A Mass To The Grotesque” (2024) vem ganhando bons comentários da mídia especializada.

Marcelo Vasco é um dos principais artistas gráficos do meio Metal

Para turbinar ainda mais a apresentação, o grupo relembrou o clássico ‘Bestial Devastation’, da época de Jairo no Sepultura, e trouxe faixas de discos anteriores como ‘The Monarch’ e ‘The Rise Of Heresy’. Alex Kafer conduziu diversas interações com a plateia, exaltou a cena mineira e incentivou a abertura de diversas rodas em meio ao som pesado, técnico e visceral dos caras.

‘Morbid Vision’ e ‘Troops of Doom’ – clássicos do Sepultura – ganharam espaço no set já na reta final do show e culminaram como parte de um desfecho categórico e empolgante que fez jus à trajetória do Troops até então. O show marcou a segunda passagem da banda por Belo Horizonte e criou, obviamente, expectativas para uma terceira visita!

Asphyx estreia em BH e traz set para reverenciar mais de três décadas de história!

Não há dúvida de que o Asphyx é uma das referências quando o assunto é Death/Doom Metal! Os caras carregam uma história de quase 40 anos e, mesmo sem grandes holofotes – se comparado com alguns grandes nomes do mainstream – conseguem manter a qualidade do trabalho e legião de fãs pelos quatro cantos do globo.

Falando em holofotes, a passagem por BH mostrou o quanto eles respiram o espírito underground e estão perto dos fãs. Após a abertura da casa, todos os integrantes tomavam suas cervejas bem próximo à entrada, garantindo as tradicionais selfies com a galera que adentrava a casa. Inclusive, nos shows de abertura, não foi novidade encontrar os membros do Asphyx acompanhando atentamente as apresentações, na pista, com os bangers.

Já no palco, a banda também não decepcionou e mostrou o que de melhor saber fazer! O som denso, pesado e por hora veloz ecoou por todos os lados. Faixas como ‘Vermin’, ‘M.S. Bismarck’ e ‘Asphyx (Forgotten War)’ relembraram os primórdios, resgatando canções do segundo álbum de sua robusta discografia: “Last One on Earth (1992)”.

Banda carrega mais de 30 anos de história

Da fase mais atual vieram alguns bons petardos como ‘Botox Implosion’ e ‘Molten Black Earth’, ambas do mais recente trabalho dos caras, registro batizado de “Necroceros” de 2021. O desempenho da banda ao vivo é vigoroso e tem tudo o que um show de Death Metal precisa, velocidade, peso e muitas rodas de mosh’s.

Martin Van Druner (vocais) arriscou algumas interações com a plateia e, mesmo de forma tímida, sem o domínio do português (como ele mesmo disse!), arrancou aplausos e reverência do público mais perto do palco. Martin, talvez, seja um dos maiores responsáveis pela identidade do som do Asphyx, afinal, seu timbre vocal é praticamente inconfundível, seja em estúdio como nas apresentações ao vivo. Outro membro bastante idolatrado em BH foi o baterista Stefan Hüskens, o “Tormentor”, que coleciona passagens por ícones como Desaster e Sodom.

Em meio a um set robusto ainda vieram faixas de diversas outras fases da banda como ‘Deathhammer’, ‘Scorbutics’ e, já na reta final com ‘Forerunners of the Apocalypse’, comprovando que, independentemente de qual época estamos falando, temos uma banda coesa em seu tipo de som não é de hoje e que prima por praticar Death Metal variando entre a velocidade tradicional do gênero com altas dosagens do lado sombrio do Doom, outra aposta de Martin e cia ao compor.

Belo Horizonte, que já recebeu diversos nomes do Metal extremo mundial e é conhecida como a capital do metal extremo, ganhou mais um capítulo em termos de grandes apresentações em 2024. O Asphyx, sabedor disso, não decepcionou um segundo sequer e estreou com chave de ouro em terras mineiras!

Set Asphyx:

The Quest of Absurdity – The Rack (1991)

Vermin – The Rack (1991)

Botox Implosion – Necroceros (2021)

M.S. Bismarck – Last One on Earth (1992)

Molten Black Earth – Necroceros (2021)

Death the Brutal Way – Death the Brutal Way (2009)

Asphyx (Forgotten War) – Last One on Earth (1992)

Deathhammer – Deathhammer (2012)

Knights Templar Stand – Necroceros (2021)

Scorbutics – Scorbutics (2009)

Division Brandenburg – Incoming Death (2016)

Wardroid – Incoming Death (2016)

Wasteland of Terror – The Rack (1991)

It Came From the Skies – Incoming Death (2016)

The Nameless Elite – Necroceros (2021)

Forerunners of the Apocalypse – Incoming Death (2016)

The Rack – The Rack (1991)

Last One on Earth – Last One on Earth (1992)

Fotos Evilcult

Fotos Troops of Doom

Fotos Asphyx

Texto: Reynaldo Trombini – @reynaldo_trombini

Fotos Asphyx e Troops of Doom: Leandro Oliveira – @leandro.oliveira.foto

Fotos Evilcult: Lorena Kali – @lorenamahakali