Review: Bonfire – ‘Higher Ground’

Após uma década desde a saída do vocalista Claus Lessmann (atualmente no Phantom 5), o grupo alemão Bonfire vem cometendo alguns deslizes, com lançamentos de gosto duvidoso, como as regravações de clássicos do passado. No entanto, sob a liderança do guitarrista fundador Hans Ziller, a banda continua a explorar a sonoridade power metal/hard rock em seu novo álbum, “Higher Ground”.

Ziller, por sinal, fez questão de dar aquela exagerada em seu depoimento sobre o 18º full da discografia: “O novo álbum é uma obra-prima. O Bonfire se reinventou com ‘Higher Ground’, sem nunca negligenciar suas virtudes; guitarras pesadas e vigorosas, solos incríveis, grandes passagens de coro e vocais emocionantes. A banda toca como uma só e está no seu melhor”.

Após contar com David Reece (ex-Accept, Bangalore Choir e outros) e Alexx Stahl, os vocais hoje estão a cargo do grego Dyan Mair (AngelMora), que apresenta desempenho adequado e atende às expectativas nesta linha musical, especialmente para quem curte coros lá no alto, como em momentos de “I Die Tonight”.

A pesada e quebrada “Lost All Control”, que saiu em videoclipe (https://www.youtube.com/watch?v=SMrkKLdUvUc), lembra Pretty Maids, com andamento mais acelerado da seção rítmica, que traz o baixista Ronnie Parkes e o baterista italiano multibandas Fabio Alessandrini. Os solos de Frank Pané e Ziller são bem divididos e técnicos, alguns com aquela escola Blackmore e Malmsteen.

Embora a balada “When Love Comes Down” sirva como um momento mais suave no álbum, “Fallin'” se destaca como uma das melhores faixas, seguindo uma linha mais melodic rock. Por outro lado, “Come Hell Or High Water” tem como diferencial o uso do talk box, em que o som da guitarra é direcionado através de um tubo conectado à boca – Peter Frampton, Matthias Jabs, Ritchie Sambora e Joe Walsh também utilizam este efeito, criando a ilusão de que a guitarra está “falando”. O começo da nova versão de “Rock’n’Roll Survivor”, originalmente em “Fistful of Fire” (2020), também traz o talk box. Outra das hard’n’heavy, com peso em primeiro plano, é “Jealousy”, mostrando acerto também nesta tendência.

A estreia pela Frontiers Music não deve alterar a percepção do público, que seguirá apontando “Fireworks” (1987), “Point Blank” (1989) e “Knock Out” (1991) como os álbuns essenciais do Bonfire, que surgiu ainda nos anos 1970 como Cacumen.
Ricardo Batalha