Review: The Hellacopters – “Overdriver”

Nicke Andersson (vocal e guitarra, ex-Entombed), Anders “Boba” Lindström (guitarra e teclado), Rudolf de Borst (baixo) e Robert Eriksson (bateria) nos brindam com convite para viajar entre épocas, memórias e sensações. É por isso que bateu a sensação de déjà-vu, de estar escutando um disco do Nazareth dos anos 70. Espere, era “Token Apologies”, faixa de abertura do novo do The Hellacopters, “Overdriver”.

Os suecos mandam na sequência outro rockão com concepção típica dos anos 70, como se a gente estivesse conhecendo um som novo no aparelho da sala com amigos. Além disso, o vocal de Andersson tem algo de Blackie Lawless em “Don’t Let Me Bring You Down”. A capacidade quase mística de desvelar as camadas do tempo segue com “(I Don’t Wanna Be) Just A Memory”, que saiu em single/clipe (https://youtu.be/i2jWE5LM7fg), transmitindo mesmo um sentimento sobre o desejo de ser mais do que uma lembrança passageira na vida de alguém. A letra casou perfeitamente.

“Wrong Face On” vem com andamento mais rápido e teclados proeminentes, enquanto “Soldier On” traz um toque mais psicodélico. Com uma fusão de elementos do hard 70s e melodias pop cativantes, o sucessor de “Eyes of Oblivion” (2022) se mostra sem excessos e segue com “Doomsday Daydreams”, trazendo a slide guitar do espanhol LG Valeta (77).

Estilisticamente retrô, “Overdriver” mantém sua essência vintage desde a arte de capa, criada pelo ilustrador alemão Max Löffler. Gravado no Strawberry Studio e The Honk Palace, ainda marca um momento especial na trajetória da banda: é o primeiro inteiramente produzido por Nicke Andersson, cuja direção criativa trouxe ainda mais autenticidade e coesão.

“Do You Feel Normal”, que saiu em single/clipe (https://www.youtube.com/watch?v=AlQ5XwmKdls) e vem na onda Beatles, Cheap Trick e Enuff Z’Nuff, aborda a alienação e a solidão. Destaques ainda para a acelerada “Faraway Looks”, “Coming Down” e “Leave A Mark” (seria Ace Frehley solando nesta?!). Difícil está sendo explicar para a minha tia que este disco não é um obscuro dos anos 70. É de 2025 e vai agradar a todos que curtem esta pegada com timbragem, groove e malícia “vovô do rock”. A versão digipack ainda traz as faixas “Wild Night” e “What’s Going On?” de bônus.
Ricardo Batalha