Quem compareceu ao festival Setembro Negro, realizado no Carioca Club (SP) em 2022, e teve a chance de ver de perto o Heathen ao vivo sabe o que esperar de “Bleed The World: Live”, gravado em várias cidades dos Estados Unidos na turnê “Empire of the Blind”. Após a intro “This Rotting Sphere”, David White (vocal), Kragen Lum e Kyle Edissi (guitarras), Jason Mirza (baixo) e Ryan Idris (bateria) atacam com a veloz e agressiva “The Blight”. Produzido por Kragen Lum e mixado por Zeuss, o som se mostra absolutamente nítido, encorpado e bem balanceado.
O repertório segue com a faixa-título do álbum de 2020 e depois vem “Dying Season”. Com letra que critica a guerra e fala das consequências devastadoras de conflitos e integra o repertório de “The Evolution of Chaos” (2010), é daquelas que servem como teste para ver quem consegue ficar inerte, sem agitar o bater cabeça. Afora isso, o som afiado com uma timbragem marcante das guitarras instiga ainda mais. Mudando um pouco o panorama o divertimento entra em cena com o cover do Sweet para “Set Me Free”, que saiu no debut “Breaking the Silence” (1987) e também já foi coverizado por nomes como Saxon, Vince Neil, Stryper, ESP e outros.
David White brilha mais ainda ao interpretar “Sun in My Hand”, que traz uma letra carregando forte carga emocional e filosófica, refletindo sobre lutas internas, o medo do desconhecido e a finitude da vida. Musicalmente, vem com um toque cavalgado de metal tradicional, mostrando outra faceta do grupo americano surgido em 1984 na Bay Area de São Francisco – sim, o lar de Exodus, Metallica, Testament, Forbidden, Death Angel e outros.
O repertório do álbum, que traz arte da capa de Travis Smith, se encerra com “Goblin’s Blade”, de “Breaking the Silence”, e a longa “Hypnotized”, faixa de abertura de “Victims of Deception” (1991). “Bleed The World: Live” vence pela sua produção limpa e densa, além de demonstrar bem a conexão entre banda e público.
Ricardo Batalha
