A banda catarinense Atlantis, formada em Jaraguá do Sul em 2013, chega ao segundo álbum de estúdio com o lançamento de “Volume II”. Inserido na New Wave of Traditional Heavy Metal (NWOTHM), movimento – nem tão novo – que revive a energia e a estética do Metal clássico dos 80, o disco deve empolgar quem acompanha bandas como Enforcer, Skull Fist e afins. É aquele “metalzão” puro e simples, que empolga com facilidade.
Desde os primeiros registros, como os EPs “Summoning the Witch” (2015) e “Hotter Than a Burning Church” (2016), o Atlantis foi direto ao ponto, buscando referências da NWOBHM para moldar sua sonoridade. O disco é formado por seis músicas inéditas, complementadas por uma versão demo da faixa “Dreaming City”, que já havia sido lançada no primeiro álbum da banda. Além disso, a versão física do álbum inclui um tributo ao Iron Maiden.
“Volume II” foi composto em 2019 e gravado em 2020, durante um período conturbado. Foi nesse momento que o baterista original, Bruno Eggert, decidiu se mudar para a Europa. Apesar da saída, ele conseguiu gravar todas as partes de bateria antes de partir, garantindo que o álbum mantivesse a identidade da formação clássica. Além da mudança do baterista, o álbum foi produzido em meio às dificuldades impostas pela pandemia de COVID-19, que afetou ensaios, logística de gravação e o planejamento da banda. Algo que infelizmente afetou todas as bandas neste período.
Confira no Bandcamp:
https://atlantis3.bandcamp.com/album/volume-ii
Desafios (e superações) a parte, com “Volume II”, lançado em junho, o power trio – na época das gravações formado por Tino Barth (vocais e guitarra), Fellipe França (baixo) e Bruno Eggert (bateria) – sabia exatamente o que estava fazendo. As composições seguem ancoradas em riffs de pegada clássica, com ótimos solos e uma cozinha rápida e eficaz. Gravado e mixado por Daniel Stiegler no Studio Marmota’s Records, e com belíssima arte da capa – criada em óleo sobre tela – assinada por Laiza Todt e Tino Barth, “Volume II” abre com motos em velocidade para anunciar “Crimson Lips”, que segue uma velocidade mais moderada, com riffs na cara e um refrão grudento que ao vivo certamente faz o público cantar junto enquanto empunha uma cerveja.
“Drive”, ao contrário, mergulha na velocidade, após uma longa intro com sons que remetem à noite, com sons de carros, passos e um rádio sintonizando diversas estações até iniciar com a música, que conta com ótimas linhas de baixo de Fellipe França. Na sequência vem “Drifting Away”, na mesma pegada veloz, destacando as guitarras. “Seatting Sails” abre com um riffão e dedilhados acústicos para seguir num estilo mais tranquilo, quase uma balada. O grande destaque vai para “In Search of Peace of Mind”, com riffs cortantes e mais cadenciada, como se Tino Barth tivesse contando uma história, nos moldes que o Maiden fazia com esmero, principalmente nos primeiros álbuns. Por fim, “Power in Our Hands”, que encerra o track list normal mantendo a qualidade, e em certos momentos me lembrando os suecos do Helvetets Port. De bônus, a longa e épica “The Dreaming City”, da demo de 2017.
No mais, um excelente álbum, que marcou uma fase difícil para a banda, mas que mostra o trio afiado e entrosado, compondo músicas marcantes e que farão os fãs de Metal tradicional curtirem sem moderação. Agora é aguardar as cenas dos próximos capítulos, já com a nova formação e energia renovada.
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