Molchat Doma volta ao Brasil após três anos e faz show esgotado em São Paulo neste sábado, 14/11

A banda bielorrussa se apresenta no dia 15 de novembro, no Tokio Marine Hall, em uma realização da 30e

Uma atmosfera fria e sombria, letras tristes e introspectivas, focadas principalmente na solidão e no desespero humano, acompanhadas de um som distópico extremamente característico. Essas são apenas algumas formas de definir o grupo bielorrusso Molchat Doma, que une todo esse ethos gótico em torno de uma melodia dançante e singular com vocais distorcidos. A banda se apresenta em São Paulo, neste sábado (15), no Tokio Marine Hall, após três anos de sua estreia no país. Em uma realização da 30e, maior companhia brasileira de entretenimento ao vivo, o show, que não tem mais ingressos disponíveis, ainda conta com abertura do grupo paulistano Jenni Sex.

A estrela da noite, Molchat Doma é um grupo que emergiu do underground pós-soviético para se tornar um fenômeno cult em escala global. O seu estilo musical integra batidas eletrônicas carregadas de melancolia e camadas densas de sintetizadores com letras que ecoam o vazio urbano e existencial. “Em nossas músicas, transmitimos o lado sombrio da pessoa – os momentos depressivos, tristes e ansiosos”, conta Roman Komogortsev, um dos fundadores da banda, ao jornal inglês The Guardian. 

Quando Komogortsev (guitarra, sintetizador e bateria eletrônica), Egor Shkutko (voz) e Pavel Kozlov (baixo e sintetizador) se uniram em Minsk, Belarus, em 2017, provavelmente não imaginavam que sua música tocaria emocionalmente tantas pessoas ao redor do mundo. O Molchat Doma conseguiu capturar um elemento profundamente enraizado na cultura eslava — a angústia existencial, tema que Dostoiévski já explorava em suas obras no século 19. Foi essa conexão com um sentimento tão atemporal, aliado a uma sonoridade marcante, que levou a banda a se apresentar nas principais casas de shows da Europa e dos Estados Unidos, incluindo uma performance no Coachella, um dos festivais de música mais importantes do mundo, em 2022.

Na discografia da banda estão os álbuns С крыш наших домов (Dos Telhados de Nossas Casas), de 2017; Этажи (Andares), de 2018; Монумент (Monumento), de 2020; e, finalmente, Белая Полоса (Listra Branca), lançado em setembro de 2024. Uma das composições que representa bem a energia proposta pelo grupo para seu repertório é “Судно (Борис Рыжий)” (“Comadre – (Boris Ryzhy)”), faixa do segundo álbum, Этажи (Andares), de 2018, que pega emprestada sua letra de um poema do poeta russo Boris Ryzhy e fala sobre uma pessoa que passa os últimos dias de sua vida em um lugar para doentes terminais. A canção viralizou no TikTok em 2020, acompanhando vídeos que costuram clipes de ruas desertas do antigo Império Soviético — com arquitetura brutalista austera em uma “estética do Leste Europeu” romantizada. Do mesmo disco, veio também “тоска” (“Anseio angustiante”, em tradução livre), nome de um conceito emocional tipicamente russo e sem tradução, mas que pode ser definido como uma profunda angústia espiritual sem causa específica, um desejo doentio que abrange melancolia, nostalgia e tédio; contudo, é maior do que a soma de todas essas partes. 

A publicação americana especializada em música Pitchfork fez uma investigação, em 2020, sobre o sucesso do Molchat Doma que, apesar da distância linguística, atrai fãs jovens do mundo inteiro. Não há uma resposta específica para essa identificação com o público, mas pode ser explicada pela crescente presença do arquétipo “doomer” na sociedade. Tal termo surgiu em 2018 e retrata um ser humano niilista (alguém que acredita que a vida carece de sentido, propósito ou valor objetivo) de 20 e poucos anos, cujo desespero em relação ao mundo o leva a se afastar da sociedade tradicional. “A áspera penumbra da estética soviética pode ser um alívio das paisagens vibrantes e hipersaturadas da América consumista. Pelo menos, a melancolia parece honesta”, afirma a publicação, embora a aplicação do termo “doomer” tenha se expandido.

Um dos representantes da força do underground brasileiro, o trio Jenni Sex aposta em um post-punk carregado de atmosferas densas e intensas. Formada por Oliveira Helders (vocal, guitarra, efeitos), Danilo Lima (baixo, efeitos) e Caliban (bateria), a banda tem conquistado espaço no Brasil e no exterior com seu mais recente álbum Healing Kiss (2023), lançado pelo selo Wave Records. O grupo ecoa influências de Bauhaus, Joy Division e The Chameleons, com guitarras hipnóticas, sintetizadores densos e letras enigmáticas, ao mesmo tempo em que imprime à cena dark wave identidade própria e contemporânea.

SERVIÇO:

Realização: 30e

Molchat Doma @São Paulo

Data: 15 de novembro de 2025 (sábado) – ESGOTADO

Local: Tokio Marine Hall – R. Bragança Paulista, 1.281 – Várzea de Baixo – São Paulo/SP

Horário de abertura da casa: 18h

Classificação Etária: Entrada e permanência de crianças/adolescentes de 05 a 15 anos de idade, acompanhados dos pais ou responsáveis, e de 16 a 17 anos, desacompanhados dos pais ou responsáveis legais.

Fonte: Comunicação 30e