“Estar no Torture Squad é um sonho inimaginável!”
Heavy Metal Online – Para iniciar, apresente-se para os nossos leitores que ainda não conhecem o seu trabalho. Quem é May Puertas no underground brasileiro?
May Puertas – Sou Mayara Puertas, tenho 22 anos, natural do ABC Paulista, cena com um underground fortíssimo do qual me orgulho muito. Comecei a ouvir metal aos 12 anos mais ou menos, mas caí de cabeça mesmo perto dos 14 por influência de um amigo que levou todo o acervo de CD’s que ele tinha até minha casa.
Antes de ter banda eu tinha um zine online chamado “True Metal” no qual eu escrevia sobre bandas underground, e depois passei a escrever para sites como Whiplash e o A Ilha do Metal contribuindo com resenhas, coberturas de shows, entrevistas em grande maioria sobre bandas nacionais que acabam passando despercebidas pelos grandes meios de comunicação.
Sempre gostei de testar estilos de vozes diferentes, me aprimorei no gutural com o passar dos anos conforme ia curtindo cada vez mais metal extremo. Cheguei a formar duas bandas, o Lithania (Death Metal) e o Brutalia (Doom Death Metal), mas somente quando fui convidada para o Necromesis tive a experiencia de estar em uma banda de verdade.
Com eles gravei dois trabalhos de estúdio o “Echoes of Memory” e o “The Poet’s Paradox” que tiveram uma repercussão muito boa. Fizemos inúmeros shows, tive a oportunidade de cair na estrada em uma mini tour com as bandas Master e Vital Remains, além de um momento muito importante que foi tocar ao lado do Headhunter D.C , Vulcano e Desdominus.
Foram muitas boas experiências e um amadurecimento muito grande como vocalista e como pessoa ao lado do Necromesis. O último registro que tive com eles foi um tributo ao Bathory e tive a honra de gravar o som “Man of Iron” ao lado de nossos amigos do Olam Eim Sof.
Em 2015 decidi deixá-los e passei a me dedicar em um projeto que tenho com minha amiga e excelente baixista Patricia Schilinter (que tocou comigo nas bandas Lithania e Brutalia, além de ter feito parte das bandas Hellarise e Harppia) chamado GORGONA, onde sou guitarra e vocal e exploro um lado mais extremo com grande influência de black metal nas composições.
E eis que também em 2015 veio a surpresa de ser convidada para assumir os vocais do Torture Squad. Uma surpresa que virou minha vida ao avesso e certamente é um dos momentos mais felizes que estou vivendo na minha vida. Estar no Torture Squad é um sonho inimaginável!
Heavy Metal Online – Conte-nos com detalhes como se deram os primeiros contatos até, efetivamente, ser anunciada a sua entrada no Torture. Em sua visão, qual foi o fator preponderante que culminou com a sua efetivação nos vocais da banda?
May Puertas – O primeiro contato próximo que tive com o Torture Squad foi em 2013 onde me apresentei com o Necromesis em São Bernardo do Campo e no mesmo dia o Amílcar se apresentou como batera do Guillotine (banda do Rene Simionato que hoje também veio a fazer parte do Torture Squad). Neste dia pude conhecer melhor o Amílcar e o Castor, que assistiram toda a apresentação do Necromesis por trás do palco.
“Me sinto lisonjeada pela confiança que depositam em mim”
Sempre frequentei os shows do Torture Squad, na gravação do DVD ao vivo que está para ser lançado estava lá agitando e cantando os sons. Apesar de ser amiga da Fernanda Lira (Nervosa), nunca tive um contato muito próximo com os membros do TS e sempre os enxerguei como uma banda TOP no Brasil. Confesso que sou muito tímida para falar com pessoas das bandas as quais admiro, encaro como fã mesmo.
Antes de receber o convite oficial, tive um sonho com a Fernanda onde estava em um palco tocando junto com ela. Achei engraçado o sonho e enviei uma mensagem comentando sobre. Então ela me falou que havia me indicado para uma banda que estava procurando vocalista e se eles curtissem eu receberia o convite em breve. Jamais imaginei que seria o Torture Squad!
Eis que em um domingo que eu estava doente, bem na m**** (risos), recebi uma mensagem do Amílcar explicando que estavam procurando uma nova voz para o Torture Squad e perguntou se eu gostaria de me juntar a eles. No momento fiquei tão em choque que não conseguia formar frases para responder. Precisei de um bom tempo para assimilar.
Respondi muito feliz que topava fazer parte da banda. Um convite destes não se recusa (risos). Desde o início o Amílcar sempre comentou que eles buscavam uma voz mais agressiva, que mantivesse a tradição da banda e trouxesse de volta a pegada Death Metal. No Necromesis sempre quis trabalhar versatilidade vocal mesclando graves e rasgados e isso chamou a atenção dele, pois era o que procuravam em uma voz.
Acredito que além da voz, postura e atitude contaram muito para que fizessem a escolha, pois se há uma coisa que
venho aprendendo com o Torture Squad é que não é só uma banda, é um estilo de vida!
Heavy Metal Online – Com sua ex-banda, o Necromesis, você mostrou um trabalho vocal agressivo e que se encaixa perfeitamente no Death Metal, por exemplo. Dentre as características do som do Torture Squad, em qual delas você imagina que conseguirá maior destaque? O que mais chama a sua atenção no trabalho dos caras, tecnicamente falando?
May Puertas – O Torture Squad é uma banda que se destaca entre as outras sem dúvidas, justamente por que conseguem fazer com maestria o que se propõem: Death/Thrash Metal. São poucos os que conseguem juntar estes dois elementos e manter a intensidade para ambos! Não há um só show que a galera não se arrebente nas rodas e batem cabeça com vontade.
Fora a execução técnica dos músicos que são de altíssimo nível e resultam em composições criativas e empolgantes para qualquer headbanger. Sinceramente o que mais me chama atenção na banda vai além do som: os caras sempre correram atras, mantiveram os sonhos vivos. Ralaram para chegar onde chegaram e de maneira honesta levaram o nome da banda a um patamar mundial e isso serve de inspiração para qualquer banda que sonha chegar em algum lugar com seu trabalho.
Está sendo maravilhoso cantar as músicas da carreira do Torture Squad, pois estou explorando vocais que em minha antiga banda não tinha espaço para trabalhar, os mais abertos puxados para o Thrash Metal, por exemplo.
Heavy Metal Online – O Torture Squad é notoriamente um dos grandes nomes do Metal brasileiro, com excelentes discos, grande legião de fãs e reputação positiva até mesmo fora do país. Qual será o seu grande desafio como a vocalista da banda? Algo lhe preocupa, nesse primeiro momento?
May Puertas – Mudanças de formação sempre são um baque para os fãs, vai haver os que vão gostar e os que não vão gostar. Isto é natural e saudável na carreira de uma banda. Confesso que não tenho nenhuma preocupação, além de fazer um trabalho que esteja a altura do Torture Squad e honre a carreira que eles construíram. Confio muito nos caras, uma coisa que tenho certeza é que não apostariam em algo que não fosse bom para a banda, ela é a vida deles.
Não iriam deixar esta responsabilidade nas mãos de qualquer um e me sinto lisonjeada pela confiança que depositam em mim. Estou tão feliz com o resultado que estamos tendo, estamos nos divertindo muito como banda, me sinto completamente inserida no grupo, um lugar onde sempre me ajudam a evoluir, apontam erros e pontos fortes para que eu possa me conhecer sempre mais como vocalista. Mal posso esperar para mostrarmos ao público tudo isso que vem sendo feito com muita garra e paixão pelo metal, estamos com muito gás e energia renovada!
Heavy Metal Online – E o contato com os fãs, como tem sido? Já deu para perceber algum retorno após o anúncio do novo line-up?
May Puertas – O retorno está sendo muito positivo e isso nos alegra muito! Estamos vendo que temos fãs verdadeiros que estão com a banda para o que der e vier.
“No metal não existe homem ou mulher, só existem headbangers”
Claro que recebemos criticas, mas como disse acima isto é muito natural. Recebi inúmeras mensagens de apoio dos fãs, principalmente de mulheres que estão muito felizes de estarem sendo representadas. Me entristece muito quando vejo algum comentário machista criticando a formação unicamente por conter uma mulher na banda.
Acho esse tipo de atitude totalmente sem noção dentro do metal e me admira que ainda exista quem encoraje este tipo de pensamento mesmo tendo inúmeras mulheres que vêm fazendo história no metal pesado desde os primórdios.
Espero que minha entrada no Torture Squad ajude a mostrar também que no metal não existe homem ou mulher, só existem headbangers, e estamos aqui pelo mesmo motivo: somos apaixonados pelo que fazemos, este é o nosso estilo de vida e jamais vai deixar de ser!
Heavy Metal Online – A banda já anunciou shows em cinco cidades com sua nova formação. Além desses compromissos já existe alguma novidade sobre o próximo disco em estúdio?
May Puertas – Estamos com cerca de 8 músicas compostas para o próximo álbum e seguimos trabalhando muito forte nele. Esperamos lançar entre Março e Abril de 2016, mas não temos pressa. Queremos fazer o melhor trabalho possível!
Heavy Metal Online – Desejamos sucesso nessa nova empreitada. O espaço é seu! Obrigado!
May Puertas – Agradeço muito pelo espaço, desejo sorte a equipe do Heavy Metal Online e convido a todos a acompanharem essa nova jornada do Torture Squad! Estamos mais fortes e unidos do que nunca e queremos que sintam também essa energia!
Grande abraço!
Assista o clipe de ‘Indifferent Echoes of Sensitivity’, do Necromesis, ex-banda de May Puertas: