Não estamos aqui diante de uma banda iniciante, afinal, estão na estrada desde 2003 e além de uma demo, Corrosive (05), já possuem outros três álbuns de estúdio lançados, Kamala (07), Fractal (09) e The Seven Deadly Chakras (12), todos devidamente disponíveis no canal do YouTube da banda (recomendo a audição a todos os leitores).
Após pouco mais os 30 minutos de duração desse 4° trabalho de estúdio, apenas uma coisa veio a minha cabeça. Ao que insistem em atacar a qualidade das bandas de Metal nacional, lhes apresento o Kamala.
Continuação natural dó ótimo The Seven Deadly Chakras, Mantra é um trabalho que surpreende mesmo aqueles que já tinham contato com a música do Kamala. Sabe aquele passo que toda banda deve dar a frente em seu trabalho para se diferenciar da concorrência?
Pois então, aqui ele se dá através de dez composições que enveredam pela caminho de um Thrash Metal moderno, sem um pingo de frescura, brutal, ríspido e agressivo e que sim, chega a resvalar de leve no Death Metal em alguns momentos tamanho o nível da porradaria presente.
Sua música é bem variada, com riffs pesados e insanos, solos com ótimas melodias e uma cozinha bem técnica e que imprime muito peso ao trabalho. Os vocais também são excelentes, não só pelo ótimo trabalho de Raphael Olmos, como também pelo suporte dado por Allan Malavasi (baixo/vocal/guitarra de 12 cordas) e Estevan Furlan (bateria/vocal/percussão), o que acaba dando uma dinâmica bem interessante.
Outro diferencial na música do Kamala são os elementos de musica indiana/oriental que são inseridos nas composições, muito bem encaixados nas composições, mostrando que o trio “saca dos paranauês” no que tange a inclusão de elementos percussivos. Vejo muitas bandas tentando algo parecido, mas na maioria das vezes tais partes soam desnecessárias e forçadas, algo que não ocorre em momento algum aqui.
Vou ser sincero, poucas vezes escutei um álbum com um nível tão alto de composições vindo de uma banda nacional e destacar algumas aqui realmente foi tarefa hercúlea, por mais clichê que isso possa parecer. Vou destacar aqui “Mantra”, “What We Deserve”, “My Religion”, “Becoming A Stone”, “Erawan” e “Suicidal Attack”.
A produção ficou a cargo da dupla Guilherme Malosso (responsável também pela mixagem e masterização) e Yuri Camargo, que deixaram tudo claro, mas absurdamente pesado, além dos instrumentos muito bem timbrados.
A música do Kamala em si, não apresenta nada de novo, mas a forma como a fazem, carregada de personalidade e criatividade, simplesmente acabou por gerar um dos melhores álbuns que escutei em 2015, desses que você obrigatoriamente deixa rolando no repeat, porque não consegue cansar dele um segundo sequer.
Certamente Mantra é um forte candidato a melhor álbum de Thrash desse ano, não só no Brasil como a nível mundial. Simplesmente obrigatório!
Kamala – Mantra (2015)
(Voice Music – Nacional)
01. Warning
02. Mantra
03. Alive
04. What We Deserve
05. Better Energy, Less Anger
06. My Religion
07. Becoming A Stone
08. Airavata
09. Erawan
10. Suicidal Attack
Ouça o single ‘Mantra’, faixa do novo disco: