O Heavy Metal On Line bateu um papo exclusivo com a banda INNER CALL e este bate papo pode ser conferido nesta matéria especial. Falando da atual situação mundial e de outros fatores relevantes Roberto Índio e Luiz Omar destacou também o impacto do COVID-19 no cenário heavy metal atual.
Sabemos que quase todas as bandas do cenário têm frequentes problemas com mudanças na formação, como foi o caso da Nervosa recentemente. Fale sobre os impactos de uma mudança na formação de uma banda e como está a formação da banda atualmente?
Roberto Índio: Historicamente, a maioria das bandas mudam suas formações por razões diversas. Poucas são as que mantém a formação original até o fim , por hora só consigo lembrar do Queen e Rush. Esse processo acaba sendo comum e os benefícios e prejuízos também são variáveis. A ideia é que se mantenha ao menos parte da banda que permita que a essência permaneça e os benefícios superem os prejuízos.
Luiz Omar: Interessante Roberto citar Rush e Queen. Realmente foram duas bandas que durante a fase de sucesso se mantiveram com a mesma formação, embora ambas tivessem passado por perrengues pessoais, dado um tempo para não acabar ou mesmo quase acabado, como foi o caso do Queen.
Mas, ainda assim ambas ilustram bem a questão. Tiveram mudanças de formação antes do estrelato e conseguiram se manter sólidas e com a mesma formação à despeito dos problemas pessoais, de relacionamento ou mercadológico em prol do objetivo comum, A Banda.
Atualmente a formação do Inner Call está estável o que não quer dizer que esteja completa. Nossas músicas são compostas para duas guitarras e para executá-las ao vivo com uma única é preciso um rearranjo. Então estamos analisando qual o melhor caminho se a execução com uma única guitarra ou trazer mais um membro para a banda.
Como você enxerga os lançamentos feitos por bandas atualmente no quesito mídia? Quais são suas mídias favoritas atualmente quando você vai comprar um material de uma banda?
Roberto Índio: As bandas e artistas estão tendo que se adaptar de maneira quase que instantânea ao mercado que muda de forma muito rápida. As mídias digitais vieram pra ficar por muito tempo creio eu. Então vejo esses lançamentos de forma natural e bastante positiva.
Luiz Omar: Embora utilize com muita frequência as mídias digitais, principalmente para conhecer novas bandas e também para divulgar o Inner Call, eu sou um saudosista, adepto das mídias físicas (vinil e cd), um colecionador melhor dizendo. Sou o tipo de fã que quero ter em casa, ao alcance das mãos toda a discografia das bandas que gosto. Já comprei um álbum por conta de uma única música.
Roberto Índio: Particularmente, gosto das plataformas digitais como Deezer e Spotify, além do YouTube que é um dos pontos mais positivos da grande rede.
Se fosse para você escolher um álbum de metal do Brasil e classifica-lo como o mais importante para a nossa história, qual seria? Justifique ainda a importância deste álbum na sua opinião …
Luiz Omar: Clinger, eu tenho um disco, um split melhor dizendo, que na minha opinião foi o divisor de águas no metal nacional: Século XX/Bestial Devastation – Overdose e Sepultura.
Vínhamos num momento de efervescência no metal nacional, mas era uma efervescência, um crescimento desordenado e muito era cópia do que consumíamos lá de fora. Não tínhamos equipamento apropriado, não tínhamos técnicos de gravação que soubessem trabalhar com metal, selo dedicado, nada….fazíamos as coisas no mais completo amadorismo. Na marra. Esse disco mostrou o caminho de como as coisas deveriam ser feitas e mudou o panorama da música pesada no Brasil.
Roberto Índio: O Holy Land do Angra é um divisor de águas para a cena Heavy metal no Brasil, especialmente no seguimento Power metal/ metal melodico. Porém , ele vai além pois trouxe o orgulho ao músico brasileiro que antes, imitava as bandas gringas , era comum tentar soar como as bandas alemãs e inglesas . Hoje o Heavy Metal nacional ( Power / melodico) é referência no mundo graças ao Holy Land…
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Com relação a atual situação que vivemos com relação ao COVID-19, na sua opinião, você acha que podemos ter mudanças de comportamento das pessoas nos shows de heavy metal no Brasil? Quais mudanças você acha que poderá acontecer?
Roberto Índio: Acredito que após a crise do COVID-19 todas as relações humanas serão diferentes, o mundo será outro , algo como aconteceu no pós guerras . No nosso segmento, creio que novas formas de shows e outros meios de interatividade serão pensados. A internet será uma forte ferramenta a ser usada, cada vez mais.
Luiz Omar: Eu confesso que estou um pouco apreensivo com o futuro. Mais particularmente com o nosso futuro como país, como brasileiro. O brasileiro nunca passou por uma situação como essa, nunca enfrentou uma guerra em seu território e não está sabendo lidar com essa pandemia, com essa situação de confinamento. Não está tendo o menor respeito pelo outro, pela situação, pelo momento. Temo que a esse vírus se perpetue por arqui e ceife muitas vidas até que uma vacina seja descoberta.
Com relação ao shows o cenário futuro é ainda mais tenebroso. Esse formato hoje possível de “lives” vão se esgotar muito rapidamente e não me arrisco a prever o que virá por aí. Será necessária uma união jamais vista no cenário para manter tudo vivo e pulsante quando o mundo se abrir novamente.
Fale dos últimos lançamentos da banda e destaque o último dando detalhes do mesmo? • Quando você começou ouvir Heavy Metal qual veículo lhe mantinha informado? Alguma revista? Algum fanzine? Alguma rede social? Algum programa de TV? Cite quais e relembre aquele período e diga como eram os meios de comunicação do metal na época que vc começou a ouvir Heavy Metal
Roberto Índio: Quando comecei a ouvir metal minhas fontes eram as revistas Rock Brigade, Dynamite, Roadie Crew. Metalhead, Zines e o grande Fúria Metal de Gastão Moreira na MTV.
Luiz Omar: Eu tinha cerca de 13, 14 anos e me lembro até hoje de entrar no carro de um amigo com destino a Sete Lagoas (morava em Curvelo, minha cidade natal e aos sábados fazia um curso em Sete Lagoas) e ouvir uma música do Kiss: Detroit Rock City. Essa música tocou até eu ser ameaçado de ser posto para fora do carro. O Kiss estaria no Brasil pela primeira vez em pouco tempo e não deu outra: eu estava lá na porta do Mineirão. Sim, o Kiss me iniciou no heavy metal e aí não parei mais. Minhas fontes de informação era a Rock Brigade (que na época ainda não era uma revista) e depois vieram revistas como a Metal, dynamite e os posters da somtrês, além de alguns zines e cartas de amigos que recebia pelo correio. Não havia outra fonte de informação, era início dos anos 80.
Fale dos últimos lançamentos da banda e destaque o último dando detalhes do mesmo.
Roberto Índio: O EP Elementals é um trabalho que me orgulho muito como vocalista. Pude testar e por em prática uma versatilidade que até então desconhecia. Momentos nos quais canto limpo e muito agudo, outros em que faço uso de drives e até arrisco uns tons graves. Além disso, esse EP tem a direção sonora que define a banda: Heavy Metal tradicional brasileiro. O nosso novo trabalho, Leviathan, segue a linha e traz alguns elementos novos no nosso som, acredito que será tão bem aceito quanto o Elementals.
Luiz Omar: Atualmente estamos finalizando o novo álbum Leviathan, que eu considero o melhor trabalho da banda até agora. Esse álbum já era para estar no mercado, mas a pandemia nos colheu de surpresa. Antes do Leviathan a banda já havia lançado Inner Call, nosso primeiro full e Elementals, um EP. Além desses dois lançamentos a banda participou de duas coletâneas lançadas exclusivamente na Europa e Japão e duas coletâneas no Brasil. Elementals foi quatro vezes premiado como top10 do metal nacional na categoria EP e ainda recebo diversas resenhas muito elogiosas do trabalho, o que demonstra que ele ainda tem muita lenha para queimar. É um trabalho que nos deixou muito orgulhosos. Leviathan terá nove músicas e segue a mesma linha de Elementals e como Roberto citou, alguns novos elementos no som e com uma produção mais caprichada, mais atenta.
Quais planos para o futuro, quais shows estão agendados ou ações estão sendo planejadas para os 12 próximos meses?
Luiz Omar: Clinger, está difícil arriscar qualquer prognóstico, principalmente quando levo em conta o comentário que fiz sobre a atitude do brasileiro com relação à pandemia. O que espero é que seja possível retomarmos os shows que até então estão como adiados (Tínhamos Curvelo, Bhte e mais dois shows em Salvador) e que realmente saiamos dessa ilesos e o mais breve possível para retomarmos a Vida. E retomarmos com outra visão de mundo.
Por ora: Fiquem em casa, cuidem-se.
Obrigado pelo convite e pelo espaço
Stay metal!!!
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