Texto : Maycon Avelino – @mayconphantoms
Fotos: Anderson Hildebrando – @andersonh_fotografia
Poderia ser só mais uma tarde de verão em São Paulo, com aquelas características tempestades se aproximando e a preguiça costumeira do fim de um domingo qualquer, mas não dessa vez, não na tarde de 29 de janeiro de 2023, pois uma grande expectativa se anunciava sobre esse dia, e para uma multidão de preto que compareceu ao Carioca Club em Pinheiros, estava claro que não se tratava de um domingo qualquer.
Era a estreia do Sinistra, uma banda que nasceu grande, cheia de espectativas, acompanhada pelo Carro Bomba, consolidada como uma das lendas do metal nacional, com quase 20 anos de estrada, e o Clash bulldog’s do Rio de Janeiro, uma banda que deu início como tantas na pandemia, mas que se destacou por sua competência e carisma do vocalista Marcelo Braune.
Particularmente não apostava em um público grande, tanto pela chuva que acabou sendo fraca , quanto pelo fato de ser no domingo com abertura da casa as 17:00.
Felizmente estava enganado, pois o público compareceu em peso, já do lado de fora a galera lotava os bares nos arredores, os estacionamentos a todo vapor e me chamou a atenção o número de pessoas com camisetas do Sinistra e Carro Bomba, foi quando vi que a noite prometia, e que o domingo tinha sido uma ótima escolha para o evento, garanto que nada melhor acontecia em São Paulo naquele começo de noite.
Com meia hora de atraso em relação ao anunciado as cortinas do Carioca se abriram para os cariocas do Clash Bulldog ́s, e logo de cara senti uma grande curiosidade por parte do público que, a essa altura, estavam todos voltados para o palco, e após a primeira música Prophets of Time, já sabia que estava diante de uma baita banda de rock tocando como em um grande estádio, extravasando energia com um som muito coeso, cheios de melodia e uma vibe ACDC, só que mais pesados e vigorosos.
Música a música, o público ia aumentando sua interação com a banda e guiados pela energia do vocalista Marcelo Braune, a galera a todo momento era provocada a cantar e a interagir de alguma forma, foi quando sacaram aquele cover coringa pra explodir a galera, T.N.T do ACDC, até eu cantei alto e olha que não sou um ouvinte assíduo de Classic Rock, mas o Clash Buldog ́s me fez gritar “T.N.T”
Aos poucos foram ganhando a galera, Marcelo Broune e sua inseparável caneca de chopp, o guitarrista Alex Saippa, o baixista Bruno Eller e o baterista Maurício Tarrago não perderam viagem, provaram que são uma banda de respeito e que vieram pra ficar.
E como tudo que é bom dura pouco, tocaram uma versão muito louca de Polícia do Titãs misturada com Territory do Sepultura, puxando um mosh pit bacana e encerrando a apresentação com sensação de dever cumprido.
1-Prophets of time
2- tears of blood
6- Evil within
7-Anger Grows
Pausa pra tirar a água do joelho e tomar uma cerveja enquanto os roadies e técnicos corriam para deixar o palco pronto para a segunda atração da noite, o Carro Bomba, foi então que notei que a casa tinha enchido, depois soube que tiveram problemas na portaria e a fila andou muito lentamente.
Mas já com a casa cheia os veteranos do Carro Bomba estavam prontos para detonar e começaram com Migalhas, música perfeita para abrir um show, um Riffão pesado demais do Marcello Schevano, e a bateria de Biel Astolfi conduzindo no surdo, um batera que se destaca só de olhar, no baixo Ricardo “Soneca” Schevano e por fim, mas não menos importante a voz de Rogério Fernandes, vocalista experiente super carismático, um front man muito tranquilo no palco com o total controle da apresentação e do público, e lá estavam todos juntos, dando inicio a uma apresentação muito empolgante.
Eu vi uma banda coesa, com som impecável, vocal em português com uma qualidade técnica que só a experiência pode trazer.
O Carro Bomba fez bem mais que o básico, fez um show com muita energia e entrosamento, fez todo mundo cantar junto seus clássicos, e destaque para Queimando a largada que levantou a galera , finalizaram com Thrash`n`Roll, e como a letra da música diz, eles fizeram tremer o chão porque seu nome é Thrash`N`roll!!
1- Migalhas
2- Queimando A Largada
3- Bala Perdida
4-Delírios
5-Sangue de barata
6-intravenosa
7-O Que a Noite Pode Te Trazer?
8-Trash ‘n’ Roll
Depois de um disco produzido durante a pandemia, com tantos obstáculos, com uma carga emocional tão densa quanto foi o período de Lockdown, a Sinistra estava ali, na minha frente tocando sua intro no show de estreia, e toda a expectativa acumulada não bastava, tinha que ter aquela intro Sinistra pra deixar o público mais na pilha.
E, quando a banda entrou no palco um por um, Rafael Rosa, um batera de máximo respeito, que gravou Time to be free do André Matos, Eduardo Ardanuy, um dos maiores guitarristas do mundo, depois veio o Jesus, o patrimônio do metal nacional Luis Mariutti , e por fim, Nando Fernandes, na minha humilde opinião a maior voz do Metal nacional, você via ali um time grande, uma banda que poderia se apresentar em qualquer palco do mundo, e se dava conta que nasceu um medalhão do metal nacional.
Começaram com Mente Vazia, e era impressionante, acho que eu era a única pessoa que não sabia a letra, todos estavam cantando junto, aí vi a potência da banda e a grandeza da estrela de Nando Fernandes que a todo momento chamava a atenção para o time, para os músicos, com aquele orgulho de saber que você tem uma banda foda, e que finalmente vocês estão mostrando isso para o mundo.
Em alguns intervalos de músicas, Nando Fernades contava um pouco sobre a história da banda, sobre a entrada dos músicos, ou sobre o momento da criação das letras, que foram ambientadas pelo clima tenso do Lock Down, e em um certo momento o Cabeçote de baixo não suportou a pressão do Mariutti e precisou ser substituido, enquanto isso Edu Ardanuy tratou de entreter o público com um magnífico solo de guitarra, nesse momento todos ficaram estáticos pela música que saia daquela guitarra, e quando o solo acabou estava tudo resolvido, Mariutti podia enfim voltar a tocar, as músicas foram passando, até o cover do Black Sabbath, Children of the Sea, onde o espírito do Próprio Dio possuiu Nando Fernandes que em transe serviu de canal sobrenatural entre o saudoso Dio e o público que lotava o Carioca Club naquela noite.
Logo depois Rafael Rosa começou o seu solo de bateria numa vibe tribal, enquanto a banda se
reidratava e retomava o fôlego, um solo relativamente curto mas que mostrou toda a qualidade de um baterista que não precisa provar nada a ninguém. Foi um show avassalador que terminou com todas as bandas juntas tocando no mesmo palco o clássico do ACDC, You Shook Me All Night Long, sob as batutas do novo Maestro do Metal nacional Nando Fernandes que conduziu a festa de uma forma que nunca vi, todo mundo cantando junto sorrindo embasbacado com uma noite única e inesquecível.
1-Mente vazia
2-Viver
3-Play Video
4-O amanhã
5-Santa inquisição
6-Quem é você?
7-Guitar Solo
8-Children of the Sea
9-(Black Sabbath cover)
10-Umbral
11-Nada é mais igual (Lockdown)
12-Livre pra seguir
13-Rock and Roll na veia
14-You Shook Me All Night Long
15-(AC/DC cover)