Texto – Carlos R. Ferracin
Fotos – André Santos
Formado no final dos anos 70 na Califórnia, o Black Flag é uma verdadeira instituição do punk/hardcore estadunidense. Comemorando 40 anos de seu lançamento, nessa turnê a banda executa o álbum “My Way” na integra e, claro, clássicos que já têm um lugar garantido na história. Após uma sequência de shows no Brasil – alguns destes divididos com as garotas do L7 – a banda chega a São Paulo para encontrar um abarrotado Carioca Club tendo a companhia dos Garotos Podres.
Quem já assistiu a um show do Garotos Podres já sabe o que espera: um punk altamente energético com discursos políticos de Mao entre as músicas e aqui não foi diferente.
Pontualmente as 20h00 começam com “Garoto Podre” e continuando com clássicos como “Oi, Tudo Bem?”, “Johnny” e “Rock Do Subúrbio”, foi a partir deste momento a veia politizada de Mao se fez presente, sempre com recados e histórias antes da execução de “Avante Camarada”, “Antifa Hooligans”, “A Internacional” e “Aos Fuzilados Da C.S.N.”.
Com a plateia aprovando estes discursos, encerram a apresentação com as icônicas “Anarquia Oi!”, “Papai Noel Velho Batuta” e “Vou Fazer Cocô” – Mao conta uma anedota hilária antes da sua execução – com um setlist que resumiu bem seus mais de 40 anos de história.
Cólera, Inocentes, Ratos Porão e Garotos Podres são os pilares do punk brasileiro e poder ver essas bandas ao vivo é um verdadeiro privilégio.
Setlist:
- Garoto Podre
- Oi, Tudo Bem?
- Johnny
- Rock De Subúrbio
- Subúrbio Operário
- Avante Camarada
- Antifa Hooligans
- A Internacional
- Aos Fuzilados Da C.S.N.
- Anarquia Oi!
- Papai Noel Velho Batuta
- Vou Fazer Cocô
Formado atualmente por Greg Ginn (guitarra, único membro original), Mike Vallely (vocal), Harley Duggan (baixo) e Charles Wiley (bateria), o show se divide em dois atos: no primeiro é executado o álbum “My Way” e no segundo os clássicos.
Após um breve intervalo entram no palco com “My War” e a sequência com “Can’t Decide” (executada em uma versão estendida) já provocam uma enorme agitação no público e sem firulas emendam faixa após faixa do álbum para delírio de todos os presentes. Após “Scream” Mike anuncia uma breve pausa e é interessante notar que essa foi a primeira vez que ele se dirigiu ao público.
Nesse intervalo vale refletir em como o Black Flag é importante na cultura underground dos Estados Unidos, onde pavimentaram o caminho para o surgimento da famosa cena de Seattle dos anos 90 e foram influência em praticamente tudo que veio depois deles.
O retorno com “Nervous Breakdown” (essa sendo interrompida por um fã que subiu no palco para depois ser reiniciada) e “Fix Me”, faixas do EP “Nervous Breakdown” (1979) é de deixar qualquer um sem fôlego, assim como a dobradinha “Jealous Again” e “No Values” – ambas também do ínicio de carreira.
Como no ato anterior, existe pouca interação entre banda e plateia e isso está longe de ser um ponto negativo já que a artilharia que vem do palco é imensa. Um dos poucos momentos é quando Mike pergunta se todos querem cantar e a sequência com “Gimmie Gimmie Gimmie” e “Six Pack” foi um dos pontos altos da apresentação com enorme participação do público – e nota-se que o setlist prioriza a fase pré “My Way”.
Entrando na parte final, “TV Party” e “Rise Above” fazem eclodir rodas de pogo por toda a plateia abrindo espaço para o encerramento com o cover de Richard Berry “Louie Louie” – sim, a mesma canção coverizada também pelo Motorhead – com direito a um pouco de virtuosismo por parte da banda.
Setlist
- My War
- Can’t Decide
- Beat My Head Against the Wall
- I Love You
- Forever Time
- The Swinging Man
- Nothing Left Inside
- Three Nights
- Scream
Greatest Hits
- Nervous Breakdown
- Fix Me
- I’ve Had It
- Wasted
- Jealous Again
- No Values
- Black Coffee
- Gimmie Gimmie Gimmie
- Six Pack
- Depression
- In My Head
- Room 13
- Revenge
- TV Party
- Rise Above
- Louie Louie
Quase no final da sua apresentação, Mao disse se referindo ao show do Black Flag que “todos estavam convocados para aula”. Não há como discordar dessa afirmação, o único porém é que foram duas aulas de punk rock presenciadas pelo público presente.
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