Show intenso marca passagem do Napalm Death, gigante do Grind, por Belo Horizonte!

Uma turnê com quinze datas sul-americanas, contendo passagem em nova estados brasileiros, agitou os seguidores do Grindcore, mais especificamente os fãs do Napalm Death, gigante do estilo e dono de uma história respeitada pelos quatro cantos do mundo.

A banda, natural de Birmingham – Inglaterra, foi fundada em 1981 e carrega na bagagem nada mesmo que 17 álbuns de estúdio, 13 EP’s, 3 discos ao vivo, além de algumas coletâneas e Split’s. Para apimentar ainda mais a festa, dois ícones do underground nacional acompanharam os ingleses nesta empreitada: Ratos de Porão, com seu tradicional Punk Rock e o Krisiun, expoente de longa data do metal extremo nacional.

Também houve espaço para a cena local cabendo ao Expurgo, nome forte do Grind mineiro fazer às honras da casa. O grupo subiu ao palco às 18h30 e fez um show enxuto, digamos assim, enquanto ainda parte do público chegava na casa. O horário pouco ajudou e a turma precisou se apressar devido ao horário de rush que assola o trânsito das grandes metrópoles.

Ratos de Porão mantém tradição com apresentação cheia de vigor, atitude e muitos clássicos!

Não é de hoje que o Ratos de Porão causa impacto por onde passa! Suas apresentações são em sua maioria marcadas por muita velocidade em seu som, posicionamento político em suas letras e, obviamente, vigor de sobra e atitude de João Gordo e companhia em cima do palco.

Assim foi em mais uma das inúmeras passagens por BH! Uma enxurrada de clássicos deu às caras naquela noite e agitou os fãs do mais antigo ao atual, com versões poderosas de ‘Alerta Antifascista’ e ‘Aglomeração’ – dobradinha do disco “Necropolítica” (22), por exemplo. A tradicional ‘Amazônia nunca mais’, do clássico “Brasil” (89), foi cantada por todos e ‘Descanse em paz’, do disco homônimo, veio após homenagem a Paul D’ianno, ex-vocalista do Iron Maiden, falecido no dia anterior.

O quarteto composto por João Gordo (vocal), Jão (Guitarra), Juninho (baixo) e Boka (bateria) não tira o pé do acelerador um segundo sequer e “incendeia” os fãs com muita vibração, correria pelo palco e bastante interação. João Gordo fez questão de agradecer a presença de todos e chegou a perguntar quem assistia o Ratos pela primeira vez. Gordo ainda confessou ter “perdido as contas de quantas vezes veio a BH”, conforme frisou.

João Gordo confessou já ter perdido as contas de quantas vezes veio a BH!

O hino ‘Crucificados pelo sistema’ foi um dos pontos altos da noite, com grandes rodas de mosh tomando conta da casa. Já ‘Beber até morrer’, mais uma do “Brasil” (89) trouxe um tom mais divertido para a apresentação. Falando nisto, João Gordo é uma verdadeira “figura” em cima do palco: o músico esbanja carisma, abusa de irreverência em diversas passagens do som e diverte o público com suas habituais caras e bocas entre um riff e outro.

Uma banda que carrega uma história de mais de 30 anos sem perder o fôlego não se encontra em qualquer esquina, tanto que qualquer idolatria ao Ratos de Porão não surge por acaso. Sabendo de tudo isso, tanto banda quanto público transformaram este momento em BH em uma verdadeira festa dedicada ao Punk ou qualquer outra nomenclatura, como queiram.

Em mais uma das passagens por Minas Gerais João Gordo e sua turma não decepcionaram, pelo contrário, mostraram força e atitude dignas de atração principal!

Krisiun exalta cena mineira e entrega Death Metal ímpar que o consagrou!

Saímos do clássico do Punk Rock brasileiro para o clássico da música extrema nacional e neste contexto ninguém melhor que o Krisiun para ocupar este espaço, já que os gaúchos são praticamente incomparáveis quando o assunto é Death Metal brazuca!

Max Kolesne (bateria), Moyses Kolesne (guitarra) e Alex Camargo (baixo e vocal) carregam a bandeira do Krisiun desde sua fundação e, de lá para cá, empilham petardos dedicados ao Death Metal em uma discografia cada vez mais respeitada pelo mundo, seja do mais antigo ou mais recente lançamento.

Assim como o Ratos e o próprio Napalm a banda já passou por diversas vezes em BH sendo praticamente garantido um show de qualidade e costumeiramente inundado de faixas que estão na ponta da língua dos headbangers. ‘Kings of Killing’, por exemplo, virou faixa de abertura quase padrão nos últimos tempos e logo em seus primeiros riff’s já causou alvoroço em terras mineiras. Logo em seguida veio a veloz ‘Ravager’, do disco “Conquerors of Armageddon”, clássico da banda.

O entrosamento e técnica do trio de irmãos é marca carimbada nos shows

O entrosamento e técnica do trio de irmãos é marca carimbada nos shows e elevam, muita das vezes, o nível de suas apresentações. Um público digamos, concentrado, acompanhou outros tradicionais sons como ‘Combustion Inferno’ do disco “Southerm Storm” (2008), além de ‘Scourge of the Enthroned’ do álbum de mesmo nome e ‘Blood of Lions’, de “The Great Execution” (2011).

Como de praxe, Alex rasgou elogios a cena mineira e agradeceu de forma efusiva a presença de todos. O músico valorizou (como sempre fez!) o força do underground nacional e reforçou a importância da constante união entre produtores, público e banda.

A reta final veio com a recente ‘Serpent Messiah’, do último disco e o último ato ficou por conta da pedrada ‘Hatred Inherit’, um dos grandes hinos do trio e que colaborou para o sucesso do histórico “Conquerors of Armageddon”, de 2000, um dos principais full lenghts dos caras.

É chover no molhado dizer o quanto o Krisiun entrega de qualidade quando o assunto é Death Metal e, sem nenhuma surpresa, toda a receita já vista por nós foi repetida de forma protocolar em mais um capítulo dos caras em território belo-horizontino.

Napalm Death impressiona com show avassalador, do início ao fim!

Mark “Barney” Greenway (vocais), Shane Embury (baixo), John Cooke (guitarra) e Danny Herrera (bateria) são, sem dúvida, grandes referências quando o assunto é o Grindcore mundial. Toda a bagagem dos ingleses refletiu em um público numeroso, eufórico e exalando disposição em Belo Horizonte, tudo para ver o que estaria por vir naquela noite!

Uma atmosfera simplesmente insana ganhou a vez desde os primeiros momentos do show com ‘From Enslavement to Obliteration’, ‘Taste the Poison’ e ‘Next on the List’, estas duas últimas do disco “Enemy of the Music Business” (2022). O som veloz, ríspido e feroz da banda simplesmente não cessou durante todo o set, que viajou por diversas fases da carreira do Napalm.

Os ingleses são uma verdadeira máquina de fazer música pesada, sempre regada a muita agressividade, variações entre estilos e claro, muito barulho! Barney comandou a festa e arriscou diversas interações com a plateia, deixando claro que não sabe falar bem o português, mas que arriscaria no espanhol e assim foi feito durante todo o show. O músico foi recompensado por palmas e manifestações positivas da galera.

Faixas mais recentes, como ‘Resentment Always Simmers’ (2022), do último EP da banda, ganharam ares de grande clássico enquanto a dobradinha com ‘That Curse of Being in Thrall’ e ‘Amoral’ relembraram o full length “Throes of Joy in the Jaws of Defeatism”, de 2022.

Set da banda relembrou diversas fases da carreira

Não é à toa que o público de BH é sempre reverenciado quando os gringos pisam em solo mineiro, já que os headbangers dificilmente decepcionam. Naquela noite, eles mantiveram a escrita e “incendiaram” boa parte da pista com muita agitação, mosh’s e demonstração de conhecimento sobre a história do Napalm Death.

Dentre diversos fatores positivos uma sequência fulminante do disco “Scum” (1987) – um dos principais do gênero – chamou a atenção. Nada menos que quatro faixas em sequência turbinaram um show que já vinha “pra lá” de insano desde o primeiro minuto: ‘Scum’, ‘M.A.D.’, ‘Success?’ e ‘You Suffer’ foram as responsáveis por reverenciar o trabalho que marcou a estreia da discografia da banda.

Ao todo, foram mais de duas dezenas de faixas regadas a uma explosão de velocidade, instrumental “sujo” e características únicas que o Grindcore pode proporcionar. O Napalm Death fez história em Belo Horizonte já que conseguiu uma vibração inquestionável e interminável quando o assunto é música pesada, seja de qual estilo estivermos falando.

A banda, que não goza mais de sua plena juventude, se mostrou extremamente afiada e dona de uma vitalidade invejável a qualquer moleque por aí! A boa notícia é que, vira e mexe os ingleses pintam em solo brazuca.

Que tal nos prepararmos para a próxima visita?

Set Napalm Death

From Enslavement to Obliteration – From Enslavement to Obliteration (1988)

Taste the Poison – Enemy of the Music Business (2000)

Next on the List – Enemy of the Music Business (2000)

Contagion – Throes of Joy in the Jaws of Defeatism (2020)

Rise Above – Harmony Corruption (1990)

Resentment Always Simmers – Resentment is Always Seismic (2022)

That Curse of Being in Thrall – Throes of Joy in the Jaws of Defeatism (2020)

Amoral – Throes of Joy in the Jaws of Defeatism (2020)

If the Truth Be Known – Harmony Corruption (1990)

Backlash Just Because – Throes of Joy in the Jaws of Defeatism (2020)

Fuck the Factoid – Throes of Joy in the Jaws of Defeatism (2020)

Suffer the Children – Harmony Corruption (1990)

Mass Appeal Madness – Mass Appeal Madness (1991)

Scum – Scum (1987)

M.A.D. – Scum (1987)

Success? – Scum (1987)

You Suffer – Scum (1987)

The Code Is Red… Long Live the Code – The Code Is Red… Long Live the Code (2005)

Dead (1998)

Nazi Punks Fuck Off – Dead Kennedys cover

Instinct of Survival – Hatred Surge (1985)

Contemptuous – Utopia Banished (1992)

 

Texto: Reynaldo Trombini – @reynaldo_trombini

Fotos: Leandro Oliveira – @leandro.oliveira.foto

 

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FOTOS KRISIUN

FOTOS NAPALM DEATH