Rodrigo Chenta está envolvido com o metal e a música extrema desde a década de 90. No entanto, ganhou atenção no cenário nos últimos tempos devido ao trabalho Bad Resilience: uma pedrada que reúne definição técnica e agressividade. Nesta entrevista, o músico fala um pouco sobre o trabalho, suas influências e também destaca algumas informações sobre seu próximo trabalho completo.
Guilherme Góes: Olá, Rodrigo. Obrigado por topar essa conversa. Para começarmos, conte um pouco sobre você: quem é o Rodrigo além da música?
Rodrigo: É difícil falar de mim além da música, pois ela é a coisa mais importante na minha vida, depois de Deus e minha esposa. Trabalho com música lecionando guitarra/violão, disciplinas teórico/práticas e também com produção musical através de arranjos, mixagem, masterização e outras coisas mais. Sou uma pessoa questionadora e que pensa bastante diferente. Quando solicitado, tenho opiniões polêmicas. Me defino como sendo criterioso, organizado e generoso.
Guilherme Góes: Como foi o seu primeiro contato com o metal? E como aconteceu seu mergulho em gêneros mais extremos?
Rodrigo: As primeiras bandas que escutei foram em 1991: Genocídio, Sarcófago e Sepultura; sendo todas estas em suas melhores épocas, para meu gosto. Posteriormente, meu pai me presenteou com seus discos de bandas como Black Sabbath, Deep Purple, Led Zeppelin, Nazareth, Slade e Gênesis, mas o “estrago” já tinha sido feito pelas três primeiras bandas. Apesar de escutar um pouco de tudo, o que mais me agrada no rock é o Death Metal. Sou muito curioso e incessantemente estou à procura de novas bandas.
Guilherme Góes: Quais são suas principais influências dentro da música extrema?
Rodrigo: Cito bandas como Napalm Death, Terrorizer, Cannibal Corpse e Monstrosity. Mas também Slayer, Kreator, Destruction e The Crucified. Com o tempo, as referências mudam e não poderia esquecer de bandas como Bloodcrow, Fleshkiller e Municipal Waste.
Guilherme Góes: Em meados de 2024, você lançou o Bad Resilience, explorando uma sonoridade death metal com elementos de grindcore, hardcore old school e noisecore. Como surgiu a ideia de criar esse projeto?
Rodrigo : As músicas deste álbum estavam escritas desde o final dos anos 90. Existem coisas na vida que não sabemos explicar, e decidi que agora era o momento de tirar o projeto da gaveta. Ele é de Grindcore e tem influências de Noisecore, HC Old School e Death Metal.
“As músicas deste álbum estavam escritas desde o final dos anos 90”

Guilherme Góes: Nos lançamentos do Bad Resilience até agora, você gravou todos os instrumentos. Como foi essa experiência? Qual parte foi mais desafiadora no processo?
Rodrigo: Creio que sejam os vocais a parte mais desafiadora do processo de produção. No Bad Resilience existem três vozes: sendo a principal um vocal gutural; uma secundária, com vocal rasgado; e uma terceira, gritada, sendo um apoio nos refrões. Acho a parte mais trabalhosa do projeto. A experiência é muito prazerosa e todos os anos sairá um single e um full-length, pelo menos.
Guilherme Góes: Além disso, qual instrumento você tem maior familiaridade? E qual tem maior dificuldade?
Rodrigo: A familiaridade vem com as guitarras. Foi o meu primeiro instrumento, e isso traz uma facilidade sem limites. Neste projeto, trabalho exclusivamente com guitarras de sete cordas e baixo de seis cordas. A dificuldade vem na voz.
Guilherme Góes: Um dos pontos que mais chama atenção em Mutilated Head, primeiro disco completo, é a qualidade da gravação — extremamente limpa, o que contrasta com a proposta mais crua comum no death metal e grindcore. Por que optou por essa abordagem mais lapidada na produção?
Rodrigo: A ideia é propor algo diferente. Grindcore com produção tosca é o que mais tem, e isso também é lindo. O Bad Resilience tem como maior diferencial a definição. Muitas pessoas observam a limpeza na gravação e pós-produção. Outro diferencial é que vendemos os arquivos de áudio em qualidade muito superior ao de uma mídia física como o CD. Sugerimos uma experiência de escuta diferenciada.
Guilherme Góes: O álbum foi lançado recentemente e tem recebido bastante atenção. No YouTube, por exemplo, é possível ver diversos comentários da galera elogiando a qualidade do trabalho. Você esperava essa repercussão?
Rodrigo: Fiquei impressionado com o tanto de retorno positivo. Realmente, isso foi inesperado. Vários selos daqui e de fora já tentaram fechar parcerias para prensar fitas K7, CDs, mas nada que, de fato, valesse a pena.
O que mais tem é selo que pretende:
a) te pagar com mídia física em vez de dinheiro;
b) fazer contratos sem nenhum sentido;
c) usar outros códigos ISRCs que não do próprio produtor fonográfico do projeto;
d) te prender por dois álbuns ou mais, no mínimo;
e) gerenciar o streaming e ficar com uma fatia da arrecadação, além de muitas outras obtusidades.
Caso apareça um selo com uma proposta decente, a conversa mudaria.
Guilherme Góes: Apesar da recepção positiva, o Bad Resilience ainda não se apresentou ao vivo. Você pretende manter o projeto como algo exclusivamente de estúdio? Ou há planos de montar uma formação para os palcos? Em caso positivo, você pretende chamar outros músicos ou usaria bases pré-gravadas?
Rodrigo: Não penso em apresentações, por enquanto. Toco em mais de dez projetos musicais de forma paralela e gêneros diversos, e ficaria muito difícil conciliar as coisas.
Guilherme Góes: Quais são os planos para o projeto nos próximos meses?
Rodrigo: Em agosto sairá o segundo álbum. O título será No soy digno. Serão trinta pedradas levemente mais agressivas que no álbum de estreia. Haverá diferenças de timbre, tanto na bateria quanto no baixo e nas guitarras, e uma proposta mais limpa ainda. Além do Bad Resilience, terá um outro projeto chamado Hemorragia Partidária, especificamente de Noisecore, que sairá no segundo semestre. Este terá uma postura exclusivamente de protesto, com mini-álbuns extremamente conceituais e de no máximo 15 minutos de duração. Aqui, a proposta será a não definição, o LOFI, a sujeira e uma gritaria linda que todo Noisecore tem, de praxe.
Guilherme Góes: Rodrigo, obrigado pela entrevista. Para encerrar, deixe uma mensagem para os nossos leitores.
Rodrigo: Agradeço de coração pela oportunidade de mostrar o trabalho do Bad Resilience. Comercializamos camisetas e um kit digital com os arquivos de áudio em .wav 24 bits 48 kHz; .mp3 320 kbps 48 kHz, capa em alta resolução e todas as letras. Interessados em apoiar o underground, nos procurem pelo site www.badresilience.com ou nas redes sociais como Instagram e Facebook, além de streamings como YouTube ou Bandcamp, exclusivamente.