Ter uma banda de Metal no Brasil não é uma tarefa das mais fáceis e se você não acredita, experimente ler o encarte de Returning to the Slaughter, do Nosferatu, banda surgida em Campinas/SP no ano de 1999 e que desde então passou por idas e vindas de integrantes, só restando o hoje vocalista e guitarrista Hussein Salim como membro original da mesma. Sua história é um retrato fiel do que passam aqueles que se aventuram pelo underground metálico nacional.
Returning to the Slaughter é na verdade um relançamento, já que originalmente o trabalho foi lançado no ano de 2004 e posteriormente, sofreu reedições em vinil, K7 e também em cd. Com o tempo, acabou ganhando 3 faixas bônus, o que resultou em um fato curioso, já que temos 3 formações diferentes tocando aqui.
Nas faixas originais, gravadas em 2003, temos Andherson Némer (Vocal), Hussein Salim e Anderson Frias (Guitarras), Gustavo de Lúcio (Baixo) e Diego Xavier (Bateria). Em “Metal Genocide”, de 2005, o vocalista é Rogério Mercy e o baterista, Henrique Matos. Já nos dois covers, que datam do ano de 2008, o line-up é Hussein Salim (Vocal/Guitarra), Kléber Padovan (Guitarra), Leonardo Mansano (Baixo) e Leonardo Mattos (Bateria).
Apesar de toda essa confusão listada acima, esse é um trabalho surpreendentemente coeso. Diria que se não fosse pelas diferenças nos vocais e nas produções (algo inevitável), seria impossível dizer que entre a faixa que abre o trabalho e a que encerra o mesmo, existem 5 anos de diferença. Praticando um Heavy Metal Tradicional fortemente calcado na NWOBHM, o Nosferatu vai agradar em cheio a fãs de nomes como Iron Maiden, Saxon ou Tygers Of Pan Tang, que certamente irão se sentir jogados em um túnel do tempo e retornando aos saudosos anos 80.
Então prezado leitor, tome vocais diretos e backings típicos do estilo nos refrães, guitarras que despejam riffs cavalgados e que em muitos momentos você jura ter escutado em algum álbum do Iron, além de bons solos e uma parte rítmica composta por um baixo marcante e bateria bem pegada. Em resumo, um som bem direto, cru e sem invenções, exatamente como era feito pelas bandas inglesas do estilo. Os destaques aqui ficam por conta de “Execution”, “Full Moon Night”, “Nosferatu” e “Metal Genocide”.
A produção é bem heterogênea, variando de qualidade, mas de certa forma acaba soando adequada a proposta da banda, já que possui um clima que remete demais a muitas produções oitentistas do estilo. Quanto à capa, tem aquela cara meio “tosca” que também faz com que nos recordemos de diversos trabalhos do período em questão e acaba sendo até bem legal.
Originalidade? Bem, isso passa longe da música apresentada pelo Nosferatu, mas de forma alguma isso ao como demérito, já que Returning to the Slaughter transpira honestidade e energia por todos os poros. No final de tudo, resta um bom trabalho, divertido e que gera um agradável clima de saudosismo!
Nosferatu – Returning to the Slaughter (2014)
(Attitude Underground Recs – Nacional)
01. Intro
02. Night Walker
03. Execution
04. Warrior (Instrumental)
05. Full Moon Night
06. Nosferatu
Bônus Track
07. Metal Genocide
08. Hammerhead (Tysondog Cover)
09. Lightning Strikes (Thor Cover)
Ouça a faixa ‘Full Moon Night’: