O Warfield Death foi fundado em 2009 na cidade de Sergipe e, após quase 10 anos, lança seu primeiro full lenght, o independente “Sucumbindo ao Medo”, de 2017. O Heavy Metal Online conversou com o guitarrista Thiago Madness para falar da repercussão do trabalho e do Death Metal pesado feito pelo grupo. Acompanhe!
Heavy Metal Online – A banda apresenta sonoridade característica do Death Metal Old School, com influências de alguns nomes como Cannibal Corpse, Dying Fetus etc. Fale-nos, antes de tudo, sobre como se deu o processo de composição e qual o principal fator positivo no resultado final de “Sucumbindo ao Medo”.
Thiago Madness – A composição do álbum se deu bem aos poucos, pois cada música foi feita totalmente independente da outra e em tempos diferentes, isso trouxe alguns problemas como os vários tipos de afinações usadas e que neste álbum são três. Por razão dessa total independência há uma grande diversidade de influências de outros estilos de metal nas músicas. Normalmente sou eu quem cria a melodia e a letra, gravo e sintetizo tudo de forma rápida só para terem uma noção de como a música é, apresento para todos da banda, espero que eles avaliem e se todos aprovarem, nós ensaiamos e a aperfeiçoamos. Marcos Paulo ficou a cargo da letra da música “Sucumbindo ao Medo”.
“É extremamente gratificante colocar ‘Warfield Death’ no Google a aparecermos como banda logo de cara!”
O principal fator positivo foram as respostas que tivemos ao ter nosso álbum avaliado e criticado, pois isso é o que nos traz vontade de fazer algo melhor. Pelas experiências nas gravações e mixagens já que fizemos tudo sós. Também por conhecer pessoas por intermédio do álbum e por finalmente termos conseguido nos lançar no mundo do metal oficialmente.
Para mim é extremamente gratificante colocar “Warfield Death” no Google a aparecermos como banda logo de cara. Existimos!
Heavy Metal Online – A banda traz letras em português e temas ligados a politica, guerras, massacres, realidades culturais e outros assuntos nessa “linha”, podemos dizer assim. Qual o objetivo da banda ao aderir o português em suas músicas? Em sua visão, por qual motivo a maioria dos grupos por aqui não adere a esta prática?
Thiago Madness – Nós sempre quisemos que nossas ideias passadas nas letras fossem ouvidas e entendidas pelas pessoas aqui no Brasil, pois este é nosso público alvo. A maioria dos que nos escutam não é fluente em inglês, ainda mais quando cantado em gutural. Como também não somos fluentes, ficaria algo meia-boca se tentássemos cantar em inglês. Quando estivermos aptos para tal, criaremos algo específico para isto.
Os temas das letras do álbum vêm de como nós enxergamos o mundo, pois ele é mais cruel do que belo. A música “Uma Festa que Acaba em Funeral” como exemplo retrata os eventos pré-carnaval que ocorrem aqui cidade e que na minha visão atrapalham mais do que ajudam.
Acredito que outras bandas não aderem ao português por influência, já que as maiorias das bandas de Death Metal cantam em inglês, mas também penso que seja por aceitação no exterior porque acho ser mais fácil o mercado externo absorver algo em inglês.
Heavy Metal Online – Falando nisso, uma resenha de “Sucumbindo ao Medo” tocou no assunto dos vocais. O blog ‘A música Continua a Mesma’ mencionou os vocais como inteligíveis e ainda alegou faltar informações importantes no encarte do trabalho. Como vocês avaliam essas afirmações? Tudo foi proposital ou trata-se de um ponto a desenvolver, visto se tratar de uma produção independente?
Thiago Madness – Concordo com eles. Como foi a primeira vez que Marcos Paulo esteve num processo de gravação de vocais, ainda falta muita experiência para ele conseguir um resultado de alto nível, porém como estávamos focados em terminar o CD, avançamos mesmo com algumas partes dos vocais inteligíveis. Sendo assim algo que treinaremos para melhorar e não acontecer novamente. Acho incrível quem consegue fazer vocais guturais pesados, no tom e com uma dicção perfeita.
Já em relação ao encarte, aí já foi falta de recursos financeiros, pois o dinheiro acabou e aqui na cidade não é fácil e barato encontrar um lugar que imprima os encartes com uma impressão de boa qualidade. No projeto era para o encarte ter todas as letras, as histórias das letras, apresentação da banda e dos integrantes, contatos e tals, mas acabou que por pressa e falta de grana não conseguimos.
Heavy Metal Online – Apesar de estar na estrada há aproximadamente 10 anos, somente agora o Warfield Death tem seu full lenght em mãos. Qual o objetivo da banda a longo prazo tendo em vista a dificuldade de se tocar música pesada no Brasil?
Thiago Madness – Demoramos tanto tempo assim porque precisávamos e ainda precisamos reunir recursos e conhecimento suficientes para podermos produzir um CD bom. Como foi tudo de forma independente, ou seja, não alugamos nada, não contratamos ninguém, foi tudo gravado num quarto, com nosso material e alguns emprestados, com nosso conhecimento e com imprevistos que tivermos que aprender a resolver na hora.
“Seria interessante colocar timbres comuns daqui da região, como o acordeom e triangulo do forró pé de serra em algumas partes de músicas de Death Metal!”
Em longo prazo desejamos viajar este país, se não um continente de tão grande, tocando nossas músicas e conhecendo pessoas de todas as regiões. Claro que sonhamos com shows imensos na Europa, mas para mim isso é um passo que só deve ser dado após tivermos uma boa bagagem dentro de nosso próprio país. Gravarmos vários álbuns e se possível ganhar retorno financeiro, pois ainda não recebemos quase nada de volta de tudo que já investimentos em tempo e dinheiro. Nos jogamos nesse mundo pelo prazer de tocar e cantar músicas no estilo que nos faz arrepiar.
Heavy Metal Online – Nos últimos anos presenciamos várias misturas do Metal com outros gêneros, caso do Sepultura com Zé Ramalho e mais recentemente o Angra que trouxe Sandy como convidada no novo álbum “Ømni”, dentre muitos outros. Como avaliam essas atitudes dos nomes consagrados da cena? É possível realizar algo dentro do Death Metal feito por vocês?
Thiago Madness – Na minha visão acredito que essas atitudes são boas, pois atingem públicos maiores com a participação de artistas de outros estilos fazendo com que mais pessoas saibam e procurem saber sobre o Metal. Penso que a atitude ortodoxa de que só pessoas true devem ser agraciadas com o ruído abelhudo das guitarras do deus Metal seja algo que definhou o estilo aqui no Brasil, pois ele se tornou fechado e preconceituoso. Além de que essas participações abrem caminhos para novos conhecimentos que podem aumentar muito o leque de possibilidades nas músicas de Metal.
Acredito que seria interessante colocar timbres comuns daqui da região, como o acordeom e triangulo do forró pé de serra em algumas partes de músicas de Death Metal. O que não falta são histórias que dariam excelentes letras de Death Metal de brigas de foice e facão que ocorrem no interior daqui. Assim esses timbres localizariam melhor a música ao ambiente da letra.
Heavy Metal Online – Quais os planos da banda para 2018? Deixe um recado final aos nossos leitores! Agradecemos a atenção!
Thiago Madness – Estamos na batalha para criarmos novas músicas para no final do ano gravar mais um álbum e vídeos clipes. Engatilhar e produzir muito.
Agradeço a todos que leram até aqui e quem desejar conhecer mais podem acessar nosso Facebook, YouTube e Instagram. É só procurar por Warfield Death que acha fácil. Ainda está meio fraca nossa participação nas redes sociais, mas com o tempo ficará forte. Ouçam nossas músicas nos sistemas de distribuição digital como o Spotify, iTunes, GoogleMusic, etc. Não há melhor recompensa ao nosso trabalho do que saber que somos ouvidos.
Agradeço ao Heavy Metal Online pela oportunidade dessa entrevista e pela Sangue Frio que fez esse intermédio por nós.
Assista o clipe de “Sucumbindo ao Medo”: