Blades of Steel surge como uma nova referência do Heavy Metal tradicional brasileiro

No cenário do Heavy Metal tradicional, onde o respeito às raízes é tão importante quanto a capacidade de manter viva a chama do estilo, a banda paulistana Blades of Steel desponta como uma força promissora e genuína no Metal nacional.

Curiosamente, Blades of Steel também é o nome de um clássico jogo de hóquei no gelo lançado em 1988 pela Konami para o NES. Com times reais da NHL, trilha sonora marcante e combates físicos entre jogadores, o game se tornou um dos títulos esportivos mais influentes da era retrô, com versões para outras plataformas e remasterizações.

Inspirada ou não pelo jogo de mesmo nome, a banda iniciou suas atividades em 2023, trazendo influências de medalhões como Accept, Judas Priest, Iron Maiden, Manowar, Saxon e Running Wild — tudo com uma assinatura própria, que se destaca especialmente pelo vocal poderoso de Yara Haag. Sua voz, ao lado das guitarras afiadas de Rafael Romanelli e Jonas Soares, entrega um som vibrante que ecoa o espírito da NWOBHM e do Metal clássico em sua melhor forma.

E aqui cabe um parêntese à Yara. Seu vocal pode ser comparado a lendas como Debbie Gunn (Sentinel Beast, Znowhite), Leather Leone (Chastain) e Jutta Weinhold (Zed Yago, Velvet Viper). Com personalidade e emoção, Yara imprime intensidade e carisma ao repertório, soando agressiva e forte e melódica quando necessário. Quanto ao instrumental, é possível perceber ecos de influências menos óbvias — como os paranaenses do Dominus Praelli ou os alemães do Majesty — como uma aproximação estilística à proposta do grupo.

O álbum apresenta faixas energéticas como “Iron Hands”, mais acelerada e com guitarras cortantes e solos em harmonia. Já a marcante “Ruler of the Waves” segue na mesma pegada, com o baixo se destacando de forma pujante. A faixa-título, que abre o trabalho, combina riffs agressivos com andamento mais cadenciado. Em contraste, “A Heart in the Dark” revela uma faceta mais introspectiva, com belas linhas dedilhadas e uma construção melódica mais acentuada. Praticamente uma balada.

A produção, assinada por Rafael Augusto Lopes no Estúdio Casanegra, é eficiente e valoriza a força da banda, embora em alguns momentos a mixagem soe um pouco aguda e elevada demais. A capa, criada pelo guitarrista Rafael Romanelli, conversa diretamente com a proposta estética e sonora do álbum.

Com “Blades of Steel”, a banda oferece ao ouvinte um mergulho na essência do Heavy Metal, mas com energia renovada e muita paixão. Para quem busca tradição com uma pegada contemporânea, esta é uma estreia que merece atenção e que certamente abrirá caminhos para voos mais altos.

Track list:

  1. Blades of Steel
  2. Ruler of the Waves
  3. Vengeance Is Mine
  4. Unholy Scrolls
  5. Into the War
  6. A Heart in the Dark
  7. Iron Hands
  8. Shadow Huntress

Confira o álbum no Spotify:https://open.spotify.com/intl-pt/album/1Dm5BSQhVMr81u7NJkg6gI