Fotos e Texto: Jaqueline Souza – @jackie.souza.flashs
Na noite de 23 de agosto de 2025, o Carioca Club, em Pinheiros (SP), foi palco de um verdadeiro ritual extremo com o retorno dos britânicos do Cradle of Filth ao Brasil após sete anos de ausência. A turnê “The Screaming of Americas”, que promove o mais recente álbum The Screaming of the Valkyries, trouxe uma apresentação de intensidade calculada, teatralidade sombria e atmosfera que reafirma o status da banda como um dos principais nomes do metal extremo mundial.
A abertura ficou a cargo dos cariocas da Tellus Terror, que subiram ao palco às 17h10 para um set coeso e devastador. Após mudanças recentes em sua formação, o grupo mostrou vigor sob o comando do vocalista Felipe Borges — único remanescente da formação original — acompanhado dos guitarristas Victor Magalhães e Maurício Belmonte, do baixista Gabriel Magalhães, do baterista Gabriel Filgueiras e do tecladista Rodrigo Boechat.
O repertório concentrou-se em composições do álbum Deathinitive Love Atmosfear (2024), marcando um salto notável na evolução sonora da banda, que vem consolidando seu death/black sinfônico de forma cada vez mais técnica e refinada.
Na sequência, os norte-americanos do Uada entregaram uma performance que hipnotizou a plateia. Com um setlist relativamente curto, mas intenso, a banda percorreu faixas de seus quatro álbuns, destacando-se momentos de forte carga emocional como “Cult of a Dying Sun” e “Djin”.
A combinação dos rostos encobertos por capuzes e a iluminação reduzida criou uma atmosfera ritualística, imersiva e catártica, transportando o público para um universo sombrio e transcendental. Uma apresentação que agradou tanto aos adeptos do black metal mais cru quanto aos apreciadores de passagens melódicas e climáticas.
Quando o Cradle of Filth finalmente assumiu o palco às 19h20, o público já se encontrava em estado de euforia. A banda apresentou um setlist equilibrado, mesclando clássicos e músicas do novo álbum. A abertura com “To Live Deliciously” estabeleceu o tom da noite, seguida por destaques como “The Principle of Evil Made Flesh” e a icônica “Nymphetamine (Fix)”. O encerramento ficou por conta de performances arrebatadoras de “Her Ghost in the Fog” e “Death Magick for Adepts”.
Dani Filth manteve sua presença imponente, com vocais possuídos e teatralidade característica, acompanhado pela força dos guitarristas Ashok e Donny Burbag, pela agressividade de Daniel Firth no baixo e pelas camadas sinfônicas da tecladista Zoe Federoff, que adicionaram densidade dramática à execução.
O clima foi de catarse coletiva: gritos, aplausos e até mesmo elementos de cosplay marcaram uma noite em que a plateia deixou claro o quanto apreciou o espetáculo. No entanto, infelizmente, no dia seguinte, Zoe anunciou em suas redes sociais sua saída definitiva do Cradle of Filth, alegando motivos pessoais sem maiores detalhes. A musicista foi prontamente substituída por Kelsey Peters, garantindo a continuidade da turnê, que ainda conta com diversas datas até o encerramento.
SETLISTS:
1. TELLUS TERROR:
Amborella’s Child
Absolute Zero
Darkest Rubicon
Psyclone Darxide
Empty Nails
Lone Sky Universum
Shattered Murano Heart
Sickroom Bed
Brain Technology Pt.2
2. UADA:
Natus Eclipsim
Blood Sand Ash
Djinn
Retraversing The Void
Culf Of A Dying Sun
Black Autumn, White Spring
3. CRADLE OF FILTH:
To Live Deliciously
The Forest Whispers My Name
She Is A Fire
Malignant Perfection
The Principle Of Evil Made Flesh
Heartbreak And Séance
Nymphetamine (Fix)
Born In A Burial Gown
White Hellebore
Encore:
Cruelty Brought Thee Orchids
Death Magick For Adepts
Her Ghost In The Fog
Galeria de Fotos:
