E mais uma vez nos deparamos com situações que dão pano pra manga, que fazem do nosso metal um instrumento de subversão e má influência para uma nova geração.
Já não basta ele ser taxado de barulhento, música do diabo, entre outras denominações, mas brincadeirinhas perpetradas por grandes nomes do estilo, verdadeiros formadores de opinião, geram novas polêmicas e aumentam mais um pouco a má fama do nosso combalido e amado Metal.
Quando o Pantera lançou o maravilhoso álbum Cowboys From Hell, lembro-me que fiquei impassível, ou seja, aquele tipo de som, equalização, timbre não me apeteciam, mas a verdade é que eu estava ainda imerso no meu radicalismo juvenil. Aquele tipo de sentimento que você não divide com ninguém uma descoberta, e tenta ficar junto daqueles que compactuavam com as suas ideias e vice-versa. Resumindo, não gostava da banda porque o vocalista era careca e usava bermuda.
Com o passar do tempo comecei a entender o que é música. Mais ainda, que ela é arte acima de qualquer ideologia. Que na verdade a música é uma espécie de pintura, um quadro “musical”, e por mais diferente que seja essa música, por detrás dela ainda existe um contexto, um complemento sempre priorizando e valorizando a arte.
Pois bem, a partir daí comecei a gostar do Pantera. Gostar não… idolatrar! Tanto é que a forma como seguro o microfone para desferir meus urros é inspirado em Phil Anselmo.
Veja momento em que Phil Anselmo faz gestos nazistas:
Assisti com tristeza o rompimento dele com a banda, mas mesmo assim fiquei com uma ponta de esperança em um dia vê-los juntos novamente. Esperança essa que foi amputada brutalmente com o assassinato de um dos maiores guitarristas de todos os tempos… Dimebag.
O fato repercutiu de tal maneira que respingos foram parar no Jornal Nacional, onde Arnaldo Jabor polemiza chamando os headbangers de “sujos e violentos” e aumenta mais ainda a má reputação do Metal. Muita coisa foi falada, de que o algoz era esquizofrênico e fã ardoroso do Pantera, e fã mais ainda de Phil Anselmo e de suas declarações, e por aí vai. Até hoje Vinnie Paul, irmão de Dimebag, não aceita o perdão de Phil.
Os anos se passam e aqui estamos nós novamente. Vivenciando mais uma das pataquadas do eterno vocalista do Pantera. O rock – pai do metal – foi e sempre será rebelde. Já dizia um dos maiores filósofos de nosso tempo: “Se não for errado e perigoso, não é rock’n’roll” – Lemmy Kilmister. Mas até quanto isso pode ser errado? E perigoso?
Estamos vivenciando um mundo estranho ultimamente, com muitos mi-mi-mis, e onde qualquer coisa, por mais banal que seja, gera mais conflito e discussões acaloradas terminando sempre na porrada ou algo pior.
Portanto uma declaração ou uma atitude, mesmo em tom de brincadeira como foi o caso de Phil Anselmo, é de um erro crasso e de uma estupidez absurda, e não deve ser ignorada porque infelizmente tem muito babaca que leva a coisa muito a sério.
Phil não precisa disso.
Ele é ainda um dos grandes letristas do metal mas se perdeu após a morte de Dimebag. Esperamos que dessa vez seja o momento dele achar seu caminho… walk on home, boy!